Enio Verri*
Em meio à crise política que ameaça o sistema democrático e o rumo da economia nacional, a irresponsabilidade continua ditando o ritmo da Câmara dos Deputados e do Governo Federal, colocando o País em paralisia e agravando as consequências do período de dificuldades econômicas e jurídicas.
No centro do turbilhão do processo de impeachment, sancionada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), dono de uma extensa ficha no Supremo Tribunal Federal (STF) e, publicamente, contra o Governo Dilma, o desemprego, inflação, fragmentação institucional e desconfiança dos setores produtivos e dos consumidores.
Velhos fantasmas que revelam o caráter político do processo de impeachment contra uma presidente que não carrega nenhuma denúncia que justifique o rito do impedimento na Constituição Federal. Ascende-se, assim, como um plano de paralização governamental e criminalização de uma agremiação do que mesmo uma saída para a crise institucional, jurídica e econômica que o País se encontra.
Embora resultado de uma gama de fatores que envolvem diferentes instituições, não há como negar a responsabilidade e centralidade do Congresso Nacional tanto na manutenção do sistema democrático, quanto no andamento do processo de impedimento – promovido por uma oposição que prega o quanto pior, melhor.
Ao utilizar de manobras regimentais e legais, a oposição não só engessa a Casa de Leis, como ainda, reduz o parlamento a simples figura política, impedindo a riqueza dos debates sobre políticas públicas e aprimoramento de legislação de benefício de toda a população. Uma irresponsabilidade que se agrava com o patrocínio de uma elite ao ódio e criminalização de partido políticos.
A crise institucional e política, que se reveste de preconceitos de uma minoria que pede intervenção militar ou a morte de políticos brasileiros, está muito além dos anseios de poder da oposição e de uma classe mais abastada. Esses objetivos se afundam aos olhos de uma população que não se sente representada pelo sistema político atual.
O descontentamento, da grande maioria que se manifesta contra ou a favor do Governo, se dá contra o sistema de financiamento privado, as peculiaridades dos pleitos proporcionais, as fraquezas institucionais e a falta de uma representatividade efetiva na Casa de Leis. Um manifesto a favor de um Estado forte e representativo.
A união pelo Brasil está atrelada a responsabilidade de todos os atores políticos, em prol da integração nacional e garantia de direitos e políticas públicas representativas. Da capacidade do Congresso Nacional em reverter a crise e resguardar a democracia e o papel dos Três Poderes.
O Brasil necessita de mais democracia, respeito e coragem para estabelecer as reformas e ajustes de um País em desenvolvimento, inclusivo e justo. Que respeita seus códigos constitucionais e as vontades das urnas.
*Enio Verri é deputado federal, presidente do PT do Paraná e professor licenciado do departamento de Economia da Universidade Estadual do Paraná. Escreve nas terças sobre poder e socialismo.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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