Coluna do Rafael Greca: À sombra de árvores mortas, assassinadas pelo prefeito, espero cerejeiras em flor

cerejeira
Em sua coluna semanal, Rafael Greca (PMN) chora a morte de árvores simbólicas, como as cerejeiras, devido cortes realizados pela Prefeitura de Curitiba. Segundo Greca, as cerejeiras foram presente do  imperador do Japão ao povo de Curitiba, como símbolos para a lembrança da imigração japonesa.  Para ele, um prefeito como Gustavo Fruet (PDT), que só sabe cortar árvores, não serve para Curitiba. Greca fala também de sua pré-candidatura ao cargo de prefeito e da aliança que está construindo para viabilizar seu projeto. Leia, ouça, comente e compartilhe.

Rafael Greca*

Começou março, o mês do último signo do zodíaco, peixes. O mês do dia Internacional da Mulher, 8 de março, dia muito lembrado apenas no dia, esquecido no resto do ano. O do dia Internacional contra a Discriminação Racial, 21 de março, pouco comemorado, apesar de fundamento para a convivência social. O do dia mundial da Água, pouco comemorado ou com muito pouco a comemorar. O do aniversário de Curitiba, dia 29. E o do meu, dia 17 — também dia de São Patrício. Todos de verde.

Houve um tempo em que os prefeitos de Curitiba gostavam das expressões do verde que brotam da Terra e da Gente do Paraná. Gostavam tanto, mas tanto, que o seu amor pela Natureza desta terra verde fez brotar símbolos que duram até hoje, através de desenhos inspiradores de pinhas e pinhões estilizados — traço de Lange de Morretes e de artistas neoparanistas — espalhados em mosaicos de pedra nas calçadas para brilhar nas luzes da cidade.

Curitiba sempre amou e amará o  verde, exigência para que a emocionante explosão de cores e aromas da floração, ornamente e perfume a ventura que é a seiva.

Comecei março plantando uma muda. Meus amigos Andressa Speranceta e Leopoldino José de Abreu Bisneto, escultores e ambientalistas, me presentearam com uma muda de guapuruvú, filhote daquele colossal que resiste na praça Santos Andrade. Era a árvore predileta do meu estimado e saudoso amigo Burle Marx no seu paisagismo dionisíaco.

Os grandes, homens e mulheres, amam as árvores. Os homenzinhos e as mulherzinhas as invejam, as cortam, as matam. E plantando a muda de guapuruvú prometi ao meu coração que para cada árvore que cortaram e cortarem, plantaremos outras 33.

Economia

Que absurdo o abate da atual prefeitura de três das 300 mudas de cerejeira plantadas por mim em Curitiba durante os 300 anos de nossa cidade-estado. A 1ª) defronte ao Itaú; a 2ª) defronte a Confeitaria das Famílias; e a 3ª) defronte à Renner. A prefeitura retirou até os tocos, impedindo que fosse feita a contra-prova. Tudo para tentar impor a sua versão triste.

As cerejeiras foram um presente do imperador do Japão ao povo de Curitiba. Eram símbolos para a lembrança da imigração japonesa, que se fez mais linda aqui.

No Japão, lembrou no Twitter @ellentwiss, a cerejeira (“Sakurá”) é sagrada, significa fartura, “na casa onde tem cerejeira, nada falta.” Este foi os nossos votos de coração quando as plantamos, Margarita e eu, assim desejamos: — Que nada falte ao bom  povo de Curitiba. Loucura, o nome para quem corta uma cerejeira é louco.

Recebi, em nome do povo de Curitiba, uma sincera manifestação de solidariedade assim que desembarquei na manhã de segunda-feira no aeroporto Kubistchek em Brasília, quando indignado gritei: — Não fomos golpeados só pelo corte das  cerejeiras. Também, golpearam magnólias e pinheiros…

lagrima

A reação das pessoas foi imediata, aqui e no Brasil. E com a revolta instalada, com o assunto viralizado, a prefeitura o que fez, pediu desculpas pelo erro? Não, fez ligar de novo a ruidosa motoserra na mão dos semi-deuses em cargos-comissionados, que viraram ferozes armas de ataque, para maltratar, denegrir, difamar e caluniar aqueles que estavam na trincheira defendendo os legítimos fundamentos desta cidade ecológica.

Falaram o que quiseram e ouviram o que não queriam: — Vamos cortar o mal pela raiz, Fruet nunca mais; — Cortem o prefeito que corta. Plantem um prefeito que planta.

As pessoas recordaram o último dia 29 de março quando uma araucária saudável foi abatida no pátrio do Laboratório Frichman’s Aisengard, e as outras tantas que cairam, inclusive as magnólias da rua Inácio Lustosa , estas trocadas por radares.

De fato, este macabro ritual de cortar árvores, que avivam nossa memória e movimentam a nossa imaginação construtiva, não combina com Curitiba.

Só a inconsciência explica. Só a ignorância justifica o ato de por abaixo os símbolos mais intensos dessa imensa verde cidade. Ato insano, impensável, inaceitável, totalmente na contramão da nossa história.

Quem ama não corta. Um prefeito que só sabe cortar árvores, não combina com Curitiba. Quem sabe não chamaria a cerejeira de árvore seca. As cerejeiras são assim. Caem as folhas e ficam secas mesmo. E renascem depois do inverno. Explodem em floração intensa. São símbolos da fartura. Onde tem cerejeira, não falta nada. Uma pena que uma cidade ecológica como Curitiba esteja desgovernada por um prefeito que não sabe que a natureza é assim.

Dizem os sábios que é costume do mal agredir o bem quando o bem faz alguma coisa que pode mudar o mal. Fica a pergunta: — Qual foi o bem que Curitiba fez ao atual prefeito Gustavo Fruet para receber dele tanto mal? Pergunta Curitiba: — Qual bem te fiz Gustavo, para receber o teu mal?

imperatriz

Com sua majestade a imperatriz do Japão Miticho que, com seu augusto marido o imperador Akihito, nos presenteou com 300 mudas de cerejeiras, plantadas na nossa amada Curitiba. Cultiuvadas com amores perfeitos, na nossa rua das Flores.

kiev

Em Brasília, recebido com carinho por Sua Excelência  o embaixador Rostyslav Tronenko. Pesquisa sobre a imigração ucraniana em Curitiba e no Paraná que começou em outubro de 1891. Nas imagens o complexo monumental de Santa Sofia de Kiev e uma cena rural dos arredores de Curitiba. Vou usar as informações no meu livro Luz dos Pinhais Histórias e Estórias de Curitiba.

buraco

Quase na esquina da rua XV com a Barão do Rio Branco, próximo a loja Hering, esse contribuinte com problemas motores (apresentando dificuldades para andar) caiu neste buraco aberto na XV, sem tampa e sem sinalização. Tânia Dias fotografou e mandou pra nós.

guapuruvú

Eu, em mudas de guapuruvú ,prometi ao meu coração que para cada árvore que cortaram e cortarem, plantaremos outras 33. No dia 29 de fevereiro, fui e voltei de Brasília. Estamos firmes na construção de uma Frente Competitiva Pró Curitiba. Queremos somar + somar + somar. Somar para servir. Somar com quem quer somar. Somar para ganhar musculatura. Nossa pré-candidatura segue sua resiliência. Contra tudo e contra todos seguimos e estamos superando etapas, atingindo metas.

partidos

Não me conformo com os que deixaram Curitiba largada, abandonada, com mais problemas do que antes. Minha foto com Marcos Pereira, presidente nacional do PRB(10) e Fábio Santos presidente da sigla no PR. Ontem recebi o presidente estadual do PTN  José Eliseu Chociai e o dirigente curitibano da agremiação Adalmo Alves, para discutir a boa política para a cidade.

A política será a minha política. A nossa política de ecologia humana. Quem vai liderar a frente serei eu. Será a nossa alma curitibana. Vamos por um caminho de respeito a todas as correntes de opinião e de cidadania, para reinaugurar uma administração laica e sem ideologias.

Estamos construindo pontes para o futuro através de uma frente descolada de formas de pensamento ultrapassadas. Que garanta a participação popular ,escute a todos, veja o que é necessário fazer. E faça, realize, não fique esperando o tempo passar sem saber como fazer.

Merecemos a benção, a Luz dos Pinhais.

*Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, é engenheiro. Escreve às quartas-feiras no Blog do Esmael sobre “Inteligência Urbana”.

Comments are closed.