A famigerada Bancada do Camburão, composta por 31 deputados, apoia os órgãos do judiciário no entrevero com o governo Beto Richa (PSDB), que acusa o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) de realizar “especulação financeira” com sobras do orçamento.
O secretário de Estado da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, espécie de alter ego do governador tucano, denunciou ontem (23) que o TJPR, o Tribunal Faz de Contas (TCE) e até o Ministério Público do Paraná (MP) “especulam no mercado financeiro” e, portanto, o judiciário estaria desviando dinheiro de impostos dos contribuintes.
Por que diabos os parlamentares estaria se posicionando a favor do Poder Judiciário em detrimento do Poder Executivo, donde sempre mamaram? Ora, questão de sobrevivência, pois a maioria deles tem o rabo preso nos tribunais da vida. Ou seja, nenhuma preocupação com as questões de Estado. Pelo contrário.
A maioria dos deputados ficou do lado do judiciário nesta demanda porque está preocupada com o próprio rabo, ora, pois.
O Blog do Esmael teve acesso a discussões sobre o tema em grupo do WhatsApp, entre os membros da Bancada do Camburão, mas se comprometeu a não divulgar ipsis litteris o conteúdo. Eles querem a demissão do secretário da Fazenda.
Ao longo de 2015, TJPR e Assembleia Legislativa foram cúmplices das medidas do governador Beto Richa (PSDB) que culminaram no confisco da poupança previdenciária de professores e servidores públicos. Também, reservadas as proporções, legislativo e judiciário, são corresponsáveis pelo covarde massacre ocorrido no Centro Cívico em 29 de abril.
Segundo levantamento do tesouro do governo do estado, o Tribunal de Justiça tem quase R$ 1 bilhão aplicados em especulação; o Ministério Público do Paraná (MP) tem R$ 191 milhões em capital vadio; e o Tribunal Faz de Contas (TCE) outros R$ 106 milhões.
“É uma poupança desviada porque esse recurso deveria estar beneficiando a população e não em aplicações de alguns poderes privilegiados no Paraná”, fuzilou o secretário de Beto Richa em entrevista à RPCTV. O Blog do Esmael repercutiu a polêmica entre os poderes.
Se a Justiça fosse séria, não especularia. Se os deputados tiverem um lampejo de seriedade instalariam, na reabertura dos trabalhos, em fevereiro, uma CPI para investigar a grave denúncia do secretário Mauro Ricardo Costa.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.