Deputada contrária ao Bolsa Família e primeira-dama de Curitiba batem boca nas redes sociais

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Deputada Maria Victória (direita) é filha do deputado federal Ricardo Barros (PP), relator do Orçamento de 2016, que lutou pelo corte de R$ 10 bilhões do programa Bolsa Família; ela também é filha da vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (PROS); Marcia Oleskovicz Fruet (esquerda), primeira-dama de Curitiba, é mulher do prefeito Gustavo Fruet (PDT), que vai à reeleição no ano que vem; Márcia defende a manutenção dos recursos no Bolsa Família; Maria Victória é pré-candidata à Prefeitura de Curitiba em 2016.

Nem o espírito de Natal está sendo capaz de segurar a troca de farpas entre a deputada Maria Victória (PP) e a primeira-dama de Curitiba, Márcia Fruet.

Tudo começou com a parlamentar defendendo corte no programa Bolsa Família em sua coluna publicada no Blog do Esmael. Para ela, o o governo federal “dá o peixe” ao invés de “ensinar a pescar”.

Márcia Fruet, mulher do prefeito Gustavo Fruet (PDT), rebateu Maria Victória pelo Facebook: “Dizem que temos que ensinar a pescar, não dar o peixe. Mas, quando já lhes tiraram o anzol, o barco, a vara, é preciso, sim, dar o peixe”, escreveu citando o ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica.

Em carta aberta, Maria Victória observou que a primeira-dama de Curitiba “colocou a própria indignação acima da esperança”.

“Minha esperança de juventude jamais será derrotada por nada, nem por ninguém”, rebateu a deputado Maria Victória, que é pré-candidata à Prefeitura de Curitiba.

A seguir, leia a carta aberta de Maria Victória para Márcia Fruet:

Economia

“Minha opinião sobre o programa Bolsa Família na semana passada gerou repercussões de todo lado e de muita gente. Sinal claro de que esse assunto mexe com as pessoas e, por isso mesmo, deve ser debatido e esclarecido. Mas um ponto de vista, particularmente, me chamou a atenção: o texto divulgado pela primeira dama de Curitiba, Márcia Fruet, que colocou a própria indignação (contra o que entendeu ser a minha opinião), acima da esperança (de ser compreendida por mim em seus argumentos).

Respeito toda a experiência alegada pela Primeira Dama de Curitiba com os mais pobres e suas necessidades.

Sou jovem, sim, cara Primeira Dama Márcia, tenho 23 anos, mas aprendi desde muito cedo a não temer polêmicas e muito menos a emitir minha opinião. Tenho na convivência familiar, a liberdade de pensar. E, mais ainda, a coragem de discordar.

Pertenço a uma geração que começa a lutar por um argumento básico, esquecido pela grande maioria dos gestores públicos brasileiros, o que explica, em grande parte, a situação do Brasil atual: eficiência.

A política precisa, urgente e sem rodeios, de eficiência. A economia, idem. A Educação também. E, mais particularmente, cara Primeira Dama Márcia, cada centavo destinado à área social no Brasil, no Paraná e na prefeitura de Curitiba, precisa de “eficiência” acima de tudo.

Só assim iremos alcançar os mais pobres, os necessitados, aqueles que, como a senhora cita, não tem o anzol, o barco, a vara para pescar. E mais: os 500 anos de história do Brasil nos ensinaram que apenas a Educação com eficiência, a longo prazo, poderá aos filhos, netos, bisnetos dos pobres atuais a mínima chance de escaparem da miséria absoluta a que estão submetidos.

Portanto, peço desculpas à Senhora se não me fiz entender, falha decorrente, admito, da minha juventude. E volto a insistir: mesmo com o corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família, 65% dos recursos do programa, ou R$ 18,8 bilhões, serão mantidos, ou seja, dinheiro suficiente para atender as famílias que realmente precisam.

A própria Controladoria-Geral da União mostra que 61% das famílias beneficiárias possuem renda declarada compatível com o programa.

Dados que provam que com fiscalização adequada e eficiência na gestão, nenhuma família brasileira que realmente necessita, ficará sem o apoio da Bolsa Família.

Fora isso, vamos cair na vala comum dos que preferem trocar pequenos favores de hoje pelo voto de amanhã. Ou pior, usar o Bolsa Família como forma de corromper quem realmente não precisa.

Vamos ao debate real, minha cara Primeira Dama. É disso que o Brasil precisa. Vamos juntas, visitar as famílias que moram na periferia de Curitiba, como a dona Helena, a dona Rosa e o senhor Juarez lá da Caximba, a Terezinha e a Claudineia do Tatuquara e outras tantas famílias moradoras da Vila Pantanal, do Arroio na CIC, e do Uberlândia e ver a realidade em que vivem essas pessoas.

E, tenha certeza, minha esperança de juventude jamais será derrotada por
nada, nem por ninguém.

Maria Victória.”

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