Coluna do João Arruda: Quem tem medo de James Alberti?

João Arruda, em sua primeira coluna no Blog do Esmael, nesta terça-feira (24), após sete meses de silêncio, põe o dedo na ferida logo no início do texto perguntando: "Quem tem medo de James Alberti?"; premiado jornalista da RPC/Globo está exilado para não ser morto, pois ele apurava rede de corrupção e pedofilia no governo do Paraná quando fora jurado; por causa da investigação de James, cerca de 20 pessoas foram parar atrás das grades, dentre os quais, um primo do governador Beto Richa (PSDB), um fotógrafo do tucano e seu amigo e copiloto nas corridas de 500 Milhas; colunista pede respostas às seguintes questões: “Quem tramou para silenciar James Alberti? Quem está investigando a ameaça? Por que não se fala mais no assunto?”; leia, ouça, opine e compartilhe.
João Arruda, em sua primeira coluna no Blog do Esmael, nesta terça-feira (24), após sete meses de silêncio, põe o dedo na ferida logo no início do texto perguntando: “Quem tem medo de James Alberti?”; premiado jornalista da RPC/Globo está exilado para não ser morto, pois ele apurava rede de corrupção e pedofilia no governo do Paraná quando fora jurado; por causa da investigação de James, cerca de 20 pessoas foram parar atrás das grades, dentre os quais, um primo do governador Beto Richa (PSDB), um fotógrafo do tucano e seu amigo e copiloto nas corridas de 500 Milhas; colunista pede respostas às seguintes questões: “Quem tramou para silenciar James Alberti? Quem está investigando a ameaça? Por que não se fala mais no assunto?”; leia, ouça, opine e compartilhe.

João Arruda*

O exílio é o regime semiaberto do preso de consciência. Você pode até sair por aí durante o dia, mas sabe que não vai dormir em casa. O jornalista James Alberti sabe muito bem disso. Faz sete meses que ele foi obrigado a fugir do Paraná para não ser morto. Desde então, vive como refém sem pedido de resgate, longe de quem ama e de quem o ama. Seu drama é pessoal, mas de grande alcance porque faz do jornalismo sério profissão de risco. É fato: quando se pesca peixe grande, a isca pode ser o próprio repórter.

James estava em Londrina, Norte do Paraná, no dia 9 de abril. Foi quando um funcionário do governo do estado avisou a chefia de redação da RPC TV que o jornalista era vigiado e que já tinham tentado executá-lo, forjando um assalto ou acidente, e que tentariam de novo. James precisou fugir. O motivo é sabido: o produtor da emissora afiliada da Rede Globo foi investigar uma rede de corrupção e pedofilia na Receita Estadual.

O esquema que James apurava já tinha levado à prisão cerca de 20 suspeitos. Entre eles, um primo do governador Beto Richa (PSDB), Luiz Abi Antoun, e um assessor do governador, Marcelo Caramori, que tem o nome de Beto Richa tatuado no braço direito. Também havia sido denunciado um parceiro do governador em corridas automobilísticas, o inspetor geral de fiscalização da Receita do Estado, Márcio de Albuquerque Lima.

Agora, a ironia: tanto o primo do governador, que exercia muita influência na administração até o escândalo vir a público, quanto o assessor que carrega a tatuagem “100% Beto Richa” respondem a inquérito em liberdade. Em contrapartida, ao revelar o esquema de pedofilia e corrupção, o jornalista perdeu o direito de ir e vir em seu próprio País.

É um ataque à sociedade e à imprensa do Paraná e do Brasil em favor de quadrilheiros que desviaram dinheiro dos impostos e que, com esse dinheiro público, organizavam orgias e compravam a virgindade de meninas pobres da região de Londrina. Há, inclusive, uma investigação para apurar se parte desse dinheiro desviado teria ido parar na campanha de reeleição do governador.

Economia

James Alberti é um jornalista distinto. Todos os grandes escândalos de corrupção da história recente do Paraná viraram notícia graças a seu trabalho. Foi dele a concepção e a direção da série “Diários Secretos”, sobre o esquema de desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Paraná por meio de funcionários fantasmas.

A série foi escolhida como um das dez mais impactantes da história do jornalismo investigativo pela associação internacional Global Investigative Journalism Network. Para a associação, a série “Diários Secretos” se compara à cobertura do caso “Watergate”, do jornal Washington Post, que resultou na queda do presidente americano Richard Nixon.

Quem tramou para silenciar James Alberti? Quem está investigando a ameaça? Por que não se fala mais no assunto? O governador Beto Richa bem que poderia colocar a polícia para dar respostas. No mínimo, para demonstrar isenção e respeito à liberdade de imprensa.

*João Arruda é deputado federal pelo PMDB, coordenador da bancada do Paraná no Congresso Nacional, escreve nas terças-feiras sobre “Os bastidores do poder em Brasília”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *