“Vamos às ruas pela taxação do andar de cima”, avisa líder do MTST

Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), formado em filosofia e colunista da Folha de S. Paulo, é uma espécie de herdeiro informal urbano de João Pedro Stédile, líder do campesino Movimento Sem Terra (MST).
Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), formado em filosofia e colunista da Folha de S. Paulo, é uma espécie de herdeiro informal urbano de João Pedro Stédile, líder do campesino Movimento Sem Terra (MST).
O filósofo e colunista Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog do Esmael neste domingo (27). Ele está em Curitiba debatendo saídas populares para crise política e econômica do Brasil e falou da “Frente Povo Sem Medo”.

Uma das saídas, segundo Boulos, é mobilizar o povo para conter o avanço conservador no país.

“Em outubro, vamos às ruas pela taxação do andar de cima. A saída é pela esquerda, uma reforma popular que exija a taxação dos mais ricos”, avisou.

Boulos, que é colunista do jornal Folha de S. Paulo, deu sua impressão sobre Curitiba: “Houve forte especulação imobiliária nos últimos anos, o que detrói o mito da cidade modelo.

“Houve forte especulação imobiliária nos últimos anos, o que reforça o mito da cidade modelo”, disse o líder do MTST, ao mencionar três ocupações na capital paranaense do MPM (Movimento Popular por Moradia) que reúnem 1200 famílias.

A seguir, leia a entrevista completa com Guilherme Boulos:

Economia

Blog do Esmael: Qual a avaliação do cenário político, os riscos para os setores populares?

Boulos: Vivemos uma conjuntura bastante complexa para a esquerda brasileira. Assistimos a uma ofensiva ultraconservadora, da direita mais golpista, que quer impor um retrocesso institucional ao país. Essa direitona precisa ser combatida no Congresso Nacional e nas ruas. O governo vai cometendo erros, que são as medidas de austeridade, impopulares, que destroem o apoio da sociedade. Esse é o nosso desafio: enfrentar os conservadores e o golpismo, combater a austeridade e defender reformas populares.

Blog do Esmael: O governo Dilma “fica” e quais as alternativas para essa encruzilhada?

Boulos: Nós temos que trabalhar com três orientações básicas: 1- retomar capacidade de mobilização, ciclo de mobilização popular, esquerda retomar as ruas (a direita tem tomado as ruas e nós não temos), deixando de fazer política com olhos na institucionalidade; 2- unidade, fazer frentes de luta e mobilização, e nós temos feito isso. Fizemos 20 de agosto para responder nas ruas o avanço da direita e temos que construir um discurso. 3) A saída tem que ser pela esquerda e precisa ser popular, com reformas populares com taxação dos mais ricos.

Blog do Esmael: Há um programa alternativo dos movimentos sociais ao ajuste do ministro Joaquim Levy e da Agenda Brasil?

Boulos: A resposta é taxar o andar de cima. A solução Levy não funcionou na Europa. A América Latina teve seu patrimônio dizimado nos anos 90 pelas políticas neoliberais. Nós já sabemos o resultado dessa fórmula. O povo não pode pagar essa conta outra vez.

Blog do Esmael: O MTST tem se destacado neste processo, qual os passos futuros do movimento?

Boulos: As ações do MTST vão aumentar a partir da “Frente Povo Sem Medo”. Na semana passada, fizemos ocupação do Ministério da Fazenda contra o ajuste, pela liberação de verbas para o programa Minha Casa Minha Vida. Em outubro teremos novas ações contra o arrocho.

Blog do Esmael: Quais os entraves para unificar o campo popular e democrático visando derrotar a direita?

Boulos: Nós estamos apostando numa composição mais ampla com a constituição da ‘Frente Povo Sem Medo’, que tem como objetivo de fazer mobilização social para disputar as ruas. Não tem foco partidário ou eleitoral. É uma composição ampla com o povo.

Blog do Esmael: Em relação à luta pela moradia em Curitiba, qual a sua opinião?

Boulos: Houve forte especulação imobiliária nos últimos anos, o que reforça o mito da cidade modelo. Essa especulação empurrou famílias para as ruas, transformando-as em sem teto. O MTST apoia o MPM, que está presente em três ocupações na capital paranaense – Primavera, Tiradentes e 29 de Março – que reúnem 1200 famílias.

Atualizado às 15h42.

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