O sindicalista Paulo Rossi, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), seção Paraná, disse nesta terça-feira (22) que organizará uma caravana a Brasília, com trabalhadores em greve da Itaipu Binacional, para falar com a presidenta Dilma Rousseff (PT).
Segundo o dirigente da UGT, a empresa de energia se nega a receber os diretores da Sindenel (Sindicato dos Eletricitários de Curitiba). A categoria deflagrou o movimento paredista a 0h00 de hoje.
“Essa greve no setor administrativo da Itaipu, que começa hoje por tempo indeterminado, é consequência da total falta de diálogo da empresa com seus trabalhadores”, reclama o presidente do Sindenel, Alexandre Donizete Martins.
O dirigente sindical adiantou que a planta de geração de energia (mesmo com a greve que também acontece em Foz do Iguaçu), não será comprometida. Em Curitiba à greve é de praticamente 100%, pararam todos os setores. Os únicos trabalhadores que se mantém no prédio são os coordenadores com cargos de chefia e os administrativos.
Os grevistas exigem que haja a equiparação salarial entre os trabalhadores brasileiros e paraguaios.
“É inadmissível que trabalhadores brasileiros, desempenhando a mesma função ao lado de trabalhadores paraguaios, numa mesma empresa que se diz binacional, recebam menores valores salariais e tenham suas carreiras completamente comprometidas”, diz o diretor do sindicato Carlos Minoru Koseki.
Segundo Koseki, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) preparou um estudo detalhando o PCR (plano de carreira e remuneração) e nessa análise ficou evidenciado que os trabalhadores brasileiros chegam a perder 60% em média em seus salários, comparando os mesmos índices dos valores pagos aos trabalhadores paraguaios.
“Toda essa defasagem vem acontecendo há anos e sempre que buscamos o diálogo a direção da empresa se retira das negociações. Mas chegamos a um ponto onde vemos companheiros se aposentando ganhando muito menos do que deveriam. São anos dedicados a uma empresa que na hora mais importante dá as costas aos trabalhadores”, desabafou Carlos Minoru Koseki.
“Além da equiparação salarial os trabalhadores apresentaram para a diretoria da Itaipu um rol de reivindicações que inclui sete pontos essenciais”, disse o diretor do Sindenel, Luiz Eduardo Reway Nunes.
“Infelizmente a empresa vem se mantendo distante do diálogo com os trabalhadores. Muitas vezes promovendo o assédio moral no ambiente de trabalho”, denuncia Reway.
O diretor do Sindenel adiantou ainda que para mostrar sua boa vontade em administrar essa crise, os diretores da binacional têm de reabrir os canais de diálogo com o sindicato.
Caro Jorge Samek, negocia com os grevistas!
Abaixo, os sete principais pontos de negociação apresentados pelo Sindenel à Itaipu Binacional:
• A Itaipu Binacional, que é brasileira e paraguaia, quer implementar novas tabelas salariais à força, com enorme diferença de valor entre as tabelas reais e guaranis;
• Encerrou as negociações e não quer reabrir a discussão com os sindicatos;
• Diminuiu os valores da tabela brasileira e aumentou a tabela paraguaia (topo das tabelas, em reais e guaranis);
• Diminuiu as carreiras dos empregados;
• Empregados brasileiros sem reavaliação das carreiras há anos;
• Estudos do Dieese apontam que ajustes na tabela salaria proposta por Itaipu precisam ser feitos pois irão prejudicar os trabalhadores brasileiros, de forma perene; e
• Fim da perseguição sindical e liberdade nas assembleias dos trabalhadores (práticas antissindicais).
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Comments are closed.