Coluna do Marcelo Araújo: Os três patetas e o ‘Centro Acalmado’

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O advogado especialista em trânsito Marcelo Araújo fala em sua coluna de hoje sobre a proposta ainda vaga da prefeitura de Curitiba para ‘acalmar’ a velocidade dos veículos no Centro da cidade. Segundo Marcelo, o excesso de cautela do prefeito Gustavo Fruet (PDT) deixa transparecer um certo medo de tomar decisões. Leia, ouça, comente e compartilhe!

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Marcelo Araújo*

Curitiba parece que é um grande reduto de pessoas ansiosas, nervosas e irritadas, de tanto que se fala em calma, calma, calma.

Nosso prefeito quando não sabe o que fazer ou não tem opinião já inicia sua fala dizendo que tal assunto (qualquer assunto) precisa ser visto com calma, sem pressa, com muita prudência, e chega a confundir o público se é cauteloso ou ‘covardão’.

No trânsito a moda começou com a Via Calma da Avenida Sete de Setembro, que na minha opinião poderia ser Via com Faixas Calmas, vez que na mesma via a canaleta do ônibus tem velocidade superior, o que é fator de risco aos pedestres diante da aproximação distinta dos veículos.

Agora a novidade seria o ‘Centro Acalmado’, que é uma área no centro da cidade (ou um polígono pra ficar mais bonitinho) cujas vias teriam sua velocidade limitada a 30, 40 ou 50Km/h. Não, não significa que haverá vias de 30, outras de 40 e outras de 50 e sim que até agora não se decidira qual dessas velocidades seria implantada no tal polígono.

Economia

O legislativo municipal está curioso sobre os critérios e estudos que não chegaram a um consenso, mas que o prefeito pediu encarecidamente que isso ocorresse até o início da Semana Nacional de Trânsito ainda deste ano (18 a 25 de setembro).

Ao que me parece as velocidades de 40 ou 50Km/h sequer são atingidas pela maioria dos motoristas, e as exceções ocorreriam apenas com aqueles que arrancam bruscamente ou que aceleram quando se forma uma ‘clareira’ em meio ao trânsito intenso, pois de outra forma dificilmente a velocidade média de 15Km/h é ultrapassada nessa área.

Da mesma forma seria necessária uma intensa fiscalização em praticamente todas as vias com equipamentos fixos, ou em todas aleatoriamente com radar estático.

De qualquer maneira, é estranha essa indefinição pois a fiscalização de velocidade implica na realização de estudos técnicos prévios nos termos da Resolução 396 do Contran, além da colocação de placas de velocidade máxima quando o veículo adentra por uma transversal, bem como do encaminhamento de tais estudos às JARI e ao Conselho Estadual de Trânsito.

Toda essa indefinição entre IPPUC, SETRAN e o Prefeito faz lembrar do antigo seriado dos Três Patetas. Adivinha quem seria o Larry?

De multa eu entendo!

*Marcelo Araújo é advogado, presidente da Comissão de Trânsito, Transporte e Mobilidade da OAB/PR. Escreve nas terças-feiras para o Blog do Esmael.

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