Selfie sem filtro: partidos de direita assumem autoria de manifestações

Intervenção Militar era pedida em faixas,carros de som,  e cartazes. Selfie sem filtro
Intervenção Militar era pedida em faixas,carros de som, e cartazes. Selfie sem filtro

A manifestação deste dia 16 de agosto foi produtiva, de grande valor democrático, político e, principalmente moral. Sim! Desta vez o PSDB de fato mostrou que está por trás das manifestações contra a presidente Dilma e o Partido dos Trabalhadores (PT).

A falácia do movimento “sem partido” já não cola. Quem esteve presente no protesto e prestou atenção no discurso dos movimentos,  teve a certeza de que o discurso unilateral nem de longe prega o fim da corrupção.

Saindo da Praça Santos Andrade, ao som da micareta que correu a internet ao longo da semana, com direito a moças ensinado o “passinho” bem ao lado do prédio histórico da UFPR, os caminhões dos movimentos Brasil Livre, Curitiba Contra a Corrupção, Muda Brasil, além de um dedicado especialmente a intervenção militar, insistiam em pregar a corrupção no governo PT. E só.

Marchinhas, versos e brincadeiras com trocadilhos, alguns de gosto um pouco duvidoso, cravavam o fim da corrupção com o impeachment da presidente Dilma, ignorando, por exemplo, os escândalos da Receita Estadual envolvendo o governador Beto Richa (PSDB) e seu primo Luiz Abi Antoun.

Camburão e Petrolão

Ao falar do Lava Jato, os líderes do movimento também ignoravam nomes como do senador Agripino Maia (DEM-RN), que compõe a lista de investigados na mesma operação.  Curiosamente, deputados do camburão como Plauto Miró e Pedro Lupion, membros da bancada do governador Beto Richa na Assembleia Legislativa do Paraná, e que pertencem ao mesmo partido de Agripino, o Democratas, caminhavam entre os manifestantes tranquilamente.

Economia

Lupion usava, inclusive, uma bela camiseta da seleção canarinha. Eram presenças surreais – dois deputados que obstruíram a CPI das fraudes e desvios na Receita Estadual e em licitações do governo Beto Richa – caminhando livremente entre os manifestantes, o pior fazendo parte de todo aquele movimento.

Os puxadores da manifestação também ignoraram ao longo do trajeto nomes como do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e do deputado federal paranaense Nelson Meurer (PP-PR), por exemplo, todos denunciados nas investigações da Lava Jato.

O protesto era contra a corrupção, diziam os manifestantes, mas provavelmente nem eles percebiam que o discurso era dirigido, seletivo e partidário. Sequer “perceberam” que o nome do governador Beto Richa não fora citado. Ficava claro para muitos ali que a presença era uma questão de pertencimento, de fazer parte de um movimento.

O movimento “apartidário” esqueceu os demais investigados. Ignorou a corrupção de outros partidos e políticos.

A verdade é que a máscara caiu e isso foi muito bom. Agora a disputa entre correntes políticas ficará clara, será jogada aos olhos de todos, e não mais travestida, maquiada em um discurso de “sem partido”. A democracia pode voltar a respirar normalmente.

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