Fechamento de delegacias da Receita Estadual pode ser “queima de arquivo”, dizem deputados

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Com o argumento de que as delegacias da Receita Estadual dos municípios de União da Vitória e Foz do Iguaçu estavam contaminadas por indicações de cargos políticos, o governo do estado se apressou em fechar as unidades sem maiores explicações. O novo embate entre o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, e deputados de oposição e até mesmo da base governista é este; não apenas justificar, mas convencer os deputados sobre seu argumento para a desativação destas unidades.

Entre os governistas, o deputado Hussein Barki (PSC) foi fervoroso em suas declarações.

“Qual o motivo, o que levou o secretário a tomar uma atitude dessa? Quero deixar bem claro aqui que sou governista, defendo o governo, mas não tenho nenhum compromisso com as coisas erradas”, discursou ele, esta semana, na tribuna da Assembleia.

Já o deputado da oposição Requião Filho (PMDB) aprofundou os questionamentos quanto a decisão do secretário da Fazenda.

“Mauro Ricardo diz que irá fechar por problemas de indicação. A questão é, quem indicou? Quem é o político responsável por essas indicações? Essas indicações não eram de conhecimento do governador?”, indagou o peemedebista.

Requião Filho foi além e disse que é preciso que o secretário apresente nomes, visto que o momento ao qual passa a Receita Estadual é delicado.

Economia

“Levando em consideração que o Luiz Abi, o “primo distante” de Beto Richa, é tido como a pessoa que indicava os cargos para a Receita Estadual do Paraná e partindo do princípio que o inspetor geral da Receita Estadual, um dos acusados do esquema de corrupção no órgão, é Marcio Albuquerque Lima, colega de corridas do governador foi promovido ao cargo por Richa, não podemos simplesmente aceitar as declarações do secretário sem que nomes sejam entregues”, concluiu o oposicionista.

“Queima de arquivo”

Junto com as manifestações contrárias ao fechamento das Agências de Foz e União da Vitória, corre pelos corredores e gabinetes da Assembleia Legislativa do Paraná a notícia de que o fechamento das duas unidades seria uma espécie de “queima de arquivo” do governo.

“Se a Receita começar realmente a ser investigada o que vai acontecer é que não teremos o fechamento destas duas Agências, mas da Receita inteira. O assunto é grave, demanda de investigação”, disse com ironia  ao Blog do Esmael um deputado que não quis se identificar.

Não vai fechar

Para acalmar os rebentos no legislativo, o líder do governo  Beto Richa, o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), saiu com uma declaração afirmando que as delegacias de Foz e União da Vitória não serão fechadas, mas sim transformadas em Inspetorias Regionais de Fiscalização Avançada.

Mesmo com a operação abafa, a resposta parece não ter sido a contento dos parlamentares. A deputada Claudia Pereira (PSC) se manifestou dizendo que pretende reunir os colegas para intimar Mauro Ricardo Costa para que num prazo de 30 dias se manifeste sobre suas declarações e sua decisão. Claudia tem interesses diretos na pauta, já que é esposa do prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira.

O secretário importado de Beto Richa pareceu dar de ombros aos deputados ao emitir a seguinte declaração: “ Os parlamentares que estão reclamando devem esquecer a Receita Estadual, que já teve muitos problemas, inclusive por indicações políticas”, disparou.

E enquanto os deputados da base governista brigam pela reabertura das duas delegacias, o pedido de CPI para investigar os crimes de desvio de dinheiro, formação de quadrilha, sonegação fiscal e cobrança de propina dentro da Receita Estadual segue parado e sem aderência dos deputados da base do governo, que, ao que tudo indica, acreditam não existir razões para tal medida.

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