Coluna do Enio Verri: Governo Richa perdeu o pudor em defender a renovação do pedágio

pedagioEnio Verri*

O governo do Paraná perdeu o pudor de defender publicamente a renovação dos contratos de pedágio. Durante o primeiro mandato, até a campanha à reeleição do governador Beto Richa (PSDB), o assunto foi tratado sob fogo brando para não comprometer o capital político do tucano. No entanto, os desdobramentos das últimas semanas indicam que o primeiro escalão do Palácio Iguaçu trabalha arduamente pela renovação dos termos.

A história da renovação do pedágio começa no dia 13 de novembro de 2013, quando Richa se reuniu com a presidenta Dilma Rousseff em Brasília. Na ocasião, o governador levou ao Palácio do Planalto a proposta de renovação das concessões por mais 25 anos, mediante desconto nas tarifas de 30%. A proposta foi imediatamente descartada por Dilma.

Quando as informações sobre a proposta do tucano vieram a público em entrevista da então candidata ao governo estadual, senadora Gleisi Hoffmann (PT), ao jornal Gazeta do Povo em outubro de 2014, Richa negou com veemência que articulasse a prorrogação e qualificou a notícia como uma mentira orquestrada pelos ministros do PT.

Entretanto, poucos meses depois de ter garantido nas urnas a permanência por mais quatro anos no comando do Executivo estadual, o governador e seus auxiliares adotam postura exatamente oposta.

Na última semana o governo do Paraná constituiu um grupo de trabalho formado pela vice-governadora, Cida Borguetti (Pros), secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSDB) e secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, para discutir junto ao Ministério dos Transportes a renovação da delegação de 1,8 mil quilômetros de rodovias federais ao Paraná. A renovação da delegação é o primeiro passo para a prorrogação dos atuais contratos de pedágio.

Economia

A escalação da vice-governadora e dos auxiliares mais próximos de Beto Richa para participar do grupo de trabalho dá o tom da importância da agenda para o governo. A renovação é prioridade estratégica do governo do PSDB.

As tratativas para a prorrogação dos contratos acontecem de maneira equivocada e na hora errada. Antes de pensar em renovar os contratos, o Executivo deveria exigir a revisão contratual e buscar o equilíbrio socioeconômico dos atuais termos. Os lucros astronômicos das concessionárias representam um gargalo que compromete nosso custo produtivo e pune a fatia da população que trafega diariamente em nossas rodovias.

Além disso, a sete anos do fim das concessões, em 2022, o governo deveria exigir que as concessionárias executassem rigorosamente todas as benfeitorias previstas nos acordos originais, tendo em vista que muitas obras foram ignoradas pelas empresas, sob risco de não estarem aptas a pleitear a extensão dos temos no futuro.

*Enio Verri é deputado federal, presidente do PT do Paraná e professor licenciado do departamento de Economia da Universidade Estadual do Paraná. Escreve nas terças sobre poder e socialismo.

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