Não foi apenas pelos 8,17%

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Esta semana começará quente na Assembleia Legislativa. Na segunda e terça-feira, a polêmica voltará girar em torno do reajuste na data-base, se 3,45%, como pretende o governador Beto Richa (PSDB), ou 8,17%, ainda este ano, como manda a lei e quer um grupo suprapartidário de parlamentares.

Para engrossar o caldo político, o PMDB, a segunda maior bancada na Assembleia, deverá fechar questão pelo reajuste de 8,17%. Deputado que votar diferente correrá o risco de perder o mandato. O PSC de Leonaldo Paranhos, a maior bancada com 12 deputados, também foi instado a fechar questão sobre a matéria.

Mas é importante ressaltar que a assembleia da APP-Sindicato que aprovou a retomada da greve, em 25 de abril, em Londrina, tinha como eixo central a luta contra o confisco da poupança previdenciária, o direito à aposentadoria e pensões, bem como a defesa dos R$ 8 bilhões que pertenciam aos servidores. Em nome disso, inclusive, professores e funcionários públicos foram massacrados no dia 29 de abril, em Curitiba, a mando do governador Beto Richa.

Pela ordem de prioridade da categoria, mais do que o reajuste, estava a briga pelas condições de funcionamento das 2,1 mil escolas da rede pública estadual. Muitas delas não recebiam há meses o fundo rotativo, não tinham professores e funcionários, material de higiene e limpeza, enfim, sem condições de serem abertas para o início do ano letivo.

Dito isto, retomo a discussão sobre o reajuste na data-base. A Assembleia não pode implodir o princípio da isonomia salarial entre servidores só porque quer o governador. De nada adianta o Palácio Iguaçu retirar o projeto, se não for do jeito dele, que prevê “reajustão” de 3,45% este ano, porque a luta não é apenas pelos 8,17%. Os servidores do executivo avisam que não se curvarão à esmola, pois sabem que o futuro de uma Nação também se constrói com orgulho.

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O requinte de crueldade da Assembleia consiste na concessão do reajuste de 8,17%, em parcela única, aos servidores do poder judiciário. Nada contra, pois o Tribunal de Justiça cumpre a lei e, estranhamente, permite que o governo do estado a descumpra. Nunca é demais lembrar que a maioria dos professores ganha menos que o auxílio-moradia de um juiz, que é de R$ 4,7 mil ao mês.

Paralelamente, haverá emenda ao projeto de reajuste do governador Beto Richa. O deputado Requião Filho (PMDB), por exemplo, afirmou ao Blog do Esmael, que preparou um texto que vincula o pagamento dos 8,17%, ainda este ano, de acordo com os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ou seja, o Paraná está com gastos abaixo dessa linha e em dezembro de 2014 já tinha dinheiro em caixa para pagar o que deve aos servidores. O governador só não o fez porque não quis, por birra, por sacanagem principalmente com professores e alunos das universidades e escolas.

Os deputados e o governo têm de compreender que a educação básica e superior e os servidores públicos não entraram greve por apenas 8,17% de reajuste. Foi por muito mais. Tinha uma lógica de futuro, de defesa da qualidade do ensino, de desenvolvimento do Paraná. Talvez, se os parlamentares governistas retirarem a proposta que concede 3,45%, como ameaça o Palácio Iguaçu, faça um favor para que o conjunto do funcionalismo não seja mais humilhado.

Independente do resultado dessa peleja, a Assembleia Legislativa continuará divorciada dos servidores e da sociedade. Muitos, principalmente a maioria dos 19 novatos, não retornarão a Casa após o crivo das urnas em 2018.

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