Coluna da Gleisi Hoffmann: HSBC tem muito a explicar antes de deixar o país

gleisi_HSBCGleisi Hoffmann*

O Brasil é a sexta economia do mundo. Um banco que se estabeleceu aqui há 18 anos, incentivado com recursos de um Programa de Reestruturação Financeira disponibilizado pelo país, fez mais de U$ 15 bilhões de lucros, não pode deixar o Brasil com a desculpa de reestruturação administrativa, coincidentemente quando se torna público um escândalo internacional de que patrocinava fuga de capitais com finalidade de sonegação tributária, inclusive deste país que o acolheu.

O banco chegou ao Brasil em 1997. O Bamerindus, um banco paranaense que, com dificuldades, foi socorrido pelo PROER, programa do Banco Central na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi saneado e entregue ao HSBC.

A transferência dos ativos que agora o banco quer fazer precisa ser acompanhada de perto pelo governo federal. É por isso que durante a semana, junto com várias lideranças paranaenses ligadas ao comércio e serviços de nosso Estado, representantes sindicais dos bancários, bancada federal do Paraná e de nossa vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves, nos reuniremos com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o presidente do CADE, Vinicius de Carvalho, o presidente do Senado, senador Renan Calheiros e o presidente da CPI do HSBC, senador Paulo Rocha. Queremos deixar todos esclarecidos do impacto dessa decisão na vida dos paranaenses e solicitar o empenho das autoridades brasileiras para impedir que essa situação se concretize sem nenhuma compensação por parte do banco.

A saída do HSBC do Brasil representará risco de demissão de 21.479 funcionários. 11 mil só no Paraná, com grande concentração em Curitiba, cerca de 7 mil. Estamos falando apenas dos empregos diretos. E os indiretos? Centenas de estabelecimentos comerciais, de serviços, que foram construídos e organizados em razão do banco e de seus escritórios. Isso, para a economia do Paraná e de Curitiba, é um baque. Depois de U$ 15 bilhões de lucros, o HSBC não pode deixar o país como se estivesse deixando uma colônia de férias.

Temos de nos unir para impedir que isso aconteça, cobrar explicações, chamar à responsabilidade a direção internacional do banco. Ainda que seja uma relação de mercado, como muitos dizem, foi uma relação de mercado amparada por um auxílio estatal, que também significou custos ao nosso país. Não queríamos e não queremos o sistema financeiro desestruturado, mas também não podemos permitir que ele desestruture economias locais ou a vida das pessoas.

Economia

Defender nossa economia, nossos empregos, é o mínimo que os paranaenses esperam de quem os representa.

*Gleisi Hoffmann é senadora da República pelo Paraná. Foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional. Escreve no Blog do Esmael às segundas-feiras.

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