Coluna do Requião Filho: Beto Richa mandou bater em professor, mas fugiu da audiência pública no Senado

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Requião Filho*

Já me vali desta coluna para inúmeras vezes rechaçar a figura do Governador do Estado criada por profissionais de mídia. Ele, bem treinado em uma campanha, é capaz de passar, de forma convincente, qualquer mensagem.

Nos tempos tempestuosos de hoje não dá entrevistas, a não ser que sejam ensaiadas ou embasadas em perguntas previamente conhecidas.

Este governador que se protege atrás de aparatos publicitários, possui outra faceta: quando quer fazer valer suas vontades, quando quer a qualquer custo que leis polêmicas sejam aprovadas a toque de caixa, manda a Polícia Militar cercar a Assembleia Legislativa do Estado e permite que ao som de tiros de balas borracha, bombas de efeito moral e gritos de socorro, seja aprovada a Lei que contraria todos os interesses previdenciários dos servidores.

Em decorrência deste fato, dos atos de covardia empregados pela força pública contra os manifestantes no dia 29 de abril de 2015, a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal convocou uma audiência pública em Brasília, mas dela nem o Governador, nem o Secretário de Segurança Pública e tampouco o Comandante Geral da PM-PR se dignaram a participar.

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Vejam leitores o contra-senso, um Governador que tem a coragem de bater em professor não tem a mesma coragem para enfrentar uma audiência pública no Senado Federal! Não tem ele estofo moral para mostrar a face e tentar explicar o inexplicável.

Mas vejam só, o absurdo não termina aí, pois o Estado do Paraná manda ao Senado Federal para dar explicações em seu nome um Assessor especial de Políticas Públicas para a Juventude, presidente da JPSDB Paraná, que com uma simples carta em mãos, como um menino de recado, tenta, em vão, falar do projeto e não do massacre.

Ora! A presença do Assessor não mostra apenas a falta de coragem e de pulso da Chefia do Estado, ela é muito mais grave, vez que escancara o desrespeito das autoridades que comandaram e ordenaram a famigerada operação de guerra com as Instituições Nacionais, com os servidores do Estado do Paraná e, em especial, o total desrespeito com o Estado Democrático de Direito.

Termino a coluna de hoje desabafando: aquele que tem cara para pedir voto em campanha eleitoral, tem que ter a mesma cara para responder pelos seus atos. Manda bater em professor, mas não aparece no Senado!

*Requião Filho é advogado, deputado estadual pelo PMDB, vice-líder da oposição na Assembleia Legislativa do Paraná, especialista em políticas públicas.

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