Artigo: 29 de Abril, dia de Luto e reflexão em defesa da democracia

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Artigo de Elton Carlos Welter e Nelsi Kistemacher Welter*

O dia 29 de abril ficará na memória do povo paranaense! A data será lembrada como o dia de luta dos funcionários públicos do Estado do Paraná que estiveram em Curitiba, lutando bravamente para não serem saqueados e, mais do que isso, lutando para terem o direito de se manifestar. Quando professores, funcionários da saúde, estudantes, agentes penitenciários e aposentados foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, não foram só eles os atingidos fisicamente e psicologicamente. NOSSA DEMOCRACIA FOI ATINGIDA!

Daqueles que estiveram na Praça Nossa Senhora da Salete no crucial dia 29 de abril de 2015, esperamos rápida recuperação, mas sabemos que as feridas da humilhação são as mais corrosivas. Recebam nossa solidariedade e nosso forte abraço, além do nosso sentimento de indignação.

Dos estudantes e cidadãos que tiveram a oportunidade de presenciar ou de algum modo acompanhar o que ocorreu no Centro Cívico, na Praça dos Poderes, que a grande lição seja a que nos mostra a inadmissibilidade do autoritarismo, do uso da força para calar. Mais do que isso, é momento de fortalecer a nossa democracia. Ansiamos que aqueles que em algum momento defenderam o uso da força ou a volta do regime militar possam ter a oportunidade de aprender com o momento e de repensar sua postura.

Apesar dos equívocos de todos que estiveram à frente dos atos que comandaram o MASSACRE, esperamos que haja o reconhecimento do conjunto de erros, que iniciaram ainda no mês de fevereiro, quando deputados da base aliada ao governo tiveram que se sujeitar ao CAMBURÃO para garantir o voto de “cabresto”. Talvez as imagens, que agora rodam o mundo, envergonhando nosso Estado, sensibilizem nossos agentes políticos, sobretudo o governador, o principal responsável por tudo que ocorreu. Do mesmo modo são responsáveis os setores do judiciário que permitiram a blindagem da Assembleia Legislativa, numa visão equivocada e autoritária, que impediu o povo de adentrar à sua casa.

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Por fim, responsabilizamos parte do legislativo, que manteve a postura autoritária e foi insensível ao clamor popular, ao manter-se em votação, mesmo com toda a barbárie que ocorria do lado de fora da Assembleia. Sabemos que isso teve um preço. Os deputados preferiram o bônus, mas carregarão em suas biografias o ônus de sua decisão. Terão que responder por seus atos à comunidade, àqueles que “representam”. A população certamente não esquecerá tão cedo do que aconteceu e lhe cobrará posicionamento sério, ou seja, se espera que a postura do “toma lá, dá cá” tenha seus dias contados no médio prazo. Suas conquistas, daqui em diante, sejam elas obras, sejam recursos de emendas parlamentares, estarão manchados pelo sangue daqueles que BRAVAMENTE LUTARAM PELOS SEUS DIREITOS, mas, mais do que isso, lutaram para GARANTIR O DIREITO DEMOCRÁTICO DE SE MANIFESTAR.

Estamos de luto!

* Elton Carlos Welter, Ex-deputado estadual, especialista em Filosofia Política e Desenvolvimento Regional.

* Nelsi Kistemacher Welter, Professora da UNIOESTE, Doutora em Ética e Filosofia Política.

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