Rodrigo da Rocha Loures*
Dentre os países com algum nível de organização e de desenvolvimento, o Brasil é dos piores para se empreender. No ano passado, a nação caiu mais oito posições no ranking que mede a competitividade entre países. Agora é o 56!º, segundo relatório do Fórum Econômico Mundial. Na América Latina perde para o Chile, para o Panamá, para a Costa Rica e para o México. Só está na frente de países onde há forte intervenção do governo na economia, como a Argentina e a Venezuela, o que não podemos considerar um grande mérito.
O Brasil voltou à situação em que estava em 2009, com um ambiente para negócios totalmente travado. Além da falta de infraestrutura eficiente, da queda dos principais indicadores econômicos e de um pessimismo geral do empresariado, por trás do cenário está um fator chave para o fracasso: a burocracia. Esse é um mal que barra o acesso ao crédito, complica a operação das empresas, atrapalha a vida das pessoas e dá ensejo à corrupção.
Para as micro e pequenas empresas, então, é desmotivante, para não dizer assustador. Conseguir um financiamento ou mesmo obter um patrocínio para projeto é o inferno de Dante na luta cotidiana dos pequenos empreendedores. Nesse quesito o país está na 130!ª posição, numa lista do Banco Mundial que reúne 185 países. à‰ vergonhoso, é massacrante.
Iniciar um negócio em terras tupiniquins demora 119 dias, o equivalente a quatro meses, e pelo menos 13 diferentes procedimentos, de acordo com o estudo do Banco Mundial. Ou seja, antes mesmo de abrir as portas ou de iniciar a prestação de serviços, o corajoso empreendedor já tem que se segurar por quatro meses porque não terá qualquer chance de faturar. Ao incluir o tempo de maturação do negócio próprio e da expectativa de retorno, será uma longa jornada. Uma dura batalha.
A burocracia estabelece uma economia paralela. Onde tudo é complicado, sempre há uma maneira de encontrar mais rapidez, mediante algumas taxas extras. O cidadão vira escravo da papelocracia! e refém dos serviços e consultorias que forçam a dificuldade para negociar facilidades.
Sem dúvida, a burocracia é o principal fator de perda de tempo, desgaste de energia e queda da produtividade. Precisamos de uma agenda pública focada na simplificação tributária, na agilidade dos procedimentos, na redução da exigência de documentos e certidões, muitos deles desnecessários. O país precisa crescer muito além dos ridículos 0,3% previstos para este ano. O primeiro passo está aí para ser dado, junto à s urnas no dia 05 de outubro.
*Rodrigo da Rocha Loures é empresário, ex-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.