Coluna do Ricardo Gomyde: Os dois cenários do debate eleitoral

Ricardo Gomyde, em sua coluna deste sábado, afirma que há apenas dois caminhos para o Brasil: o atual e o proposto pelos que querem o retrocesso, a volta daqueles tempos amargos de desemprego, de abandono social e de políticas que empobreciam milhões para enriquecer meia dúzia!; leia o texto e compartilhe.
Ricardo Gomyde, em sua coluna deste sábado, afirma que há apenas dois caminhos para o Brasil: o atual e o proposto pelos que querem o retrocesso, a volta daqueles tempos amargos de desemprego, de abandono social e de políticas que empobreciam milhões para enriquecer meia dúzia!; leia o texto e compartilhe.
Ricardo Gomyde*

O debate eleitoral em curso tem revelado nitidamente dois cenários. As ideias em discussão definem, com variações e nuances, as duas concepções possíveis hoje para um projeto de governo. Do ponto de vista macroeconômico, a pauta é a de sempre: estabilidade da moeda, prioridades administrativas e gerência das contas públicas. Do ponto de vista administrativo, os temas são o espectro de reformas democráticas !” ou, por outra, o papel do Estado, com destaque para a Reforma Política, em especial o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais !” e a questão social, a continuidade da melhoria dos serviços públicos básicos e da geração de empregos.

Temos, ainda, problemas gigantescos a serem enfrentados nos campos macroeconômico e social. Mas ao atacá-los de frente, com nossa importância histórica, nossa diversidade continental e nosso papel geopolítico, influenciamos toda a América Latina !” que quer se manter no caminho progressista, ficar no clube dos países que lutam por sua soberania. Se a opção agora for por voltar ao passado, no entanto, a região certamente retornará ao olho do furacão do qual lutou com todas as forças para sair. Esse é um esquadro que aparece muito bem desenhado pela conjuntura latino-americana.

Existem, portanto, apenas dois caminhos para o Brasil: o atual e o proposto pelos que querem o retrocesso, a volta daqueles tempos amargos de desemprego, de abandono social e de políticas que empobreciam milhões para enriquecer meia dúzia. Não há como fugir desses dois cenários; é uma impossibilidade física. Outubro, portanto, representará uma encruzilhada decisiva para o Brasil e a maioria dos eleitores já tomou consciência disso. A prova desse despertar é o interesse no debate dos programas de governo em disputa. Ou seja, o palavreado estridente e oco de alguns candidatos pode até cativar pela incisão, mas tende a se desmanchar pela inconsistência.

Há ainda quem se acha o Joãozinho do Passo Certo para encobrir a tortuosidade de suas propostas. Essas candidaturas podem até ocupar algum espaço, mas a tendência é de se espatifar diante dos embates de peso, à  medida que as cores de suas bandeiras vão ficando desbotadas. Pautam as intervenções pela frase de efeito e pelo que seu público-alvo quer ouvir, não por seu projeto para o país. Os eleitores, no entanto, querem saber como serão tratadas as questões reais, aquelas que afetam suas vidas. Nesse terreno, não são poucos os que derrapam; ou escondem o que pretendem fazer, ou desdizem o que fora dito sem a menor sem cerimônia. Mas o povo quer saber. E os candidatos terão de dizer, sem rodeios, o que pretendem fazer. Não tenho dúvida disso.

Falo com convicção porque não dá para servir a dois senhores. Ou se está com o povo ou contra ele. Sabemos muito bem que os portadores de promessas não cumpridas, os que disseram que era possível conciliar esses conceitos opostos, acabaram repudiados pela população. Por outro lado, quem disse claramente o que pretendia fazer e fez, mesmo contrariando alguns para agradar muitos, é lembrado pela sua coerência e sensatez. Daí a importância de conhecermos os projetos de governo que não deixam margem para dúvidas sobre qual rumo irá seguir. O crescimento econômico e a geração de empregos, prioridades de qualquer governo comprometido com o povo, não podem aparecer como algo sem pé nem cabeça.

Economia

São itens fundamentais, que precisam estar solidamente amarrados por propostas de boa administração macroeconômica e vigor na ação social. Esse escopo abarca as aspirações de amplas camadas da população. Não adianta dizer que tem as costas quentes e não passar verdade no olhar. O que interessa, de verdade, sem firulas, é saber como manter o país na trajetória que o leva ao encontro de sua vocação histórica de independência e progresso. Esse debate é bem visível entre aqueles que recusam o espetáculo para se concentrar na esfera das propostas reais de gestão. Quem pensa e age assim, certamente terá muito mais condições de representar bem o seu eleitorado.

*Ricardo Gomyde, especialista em políticas de inclusão social, foi membro da Comissão Organizadora da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Escreve nos sábados no Blog do Esmael.

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