Requião Filho*
Quando me resta um tempo de silêncio, nas curtas madrugadas que se espremem entre os compromissos de campanha, conhecendo de perto e sempre mais o que nosso Estado e seu povo têm de melhor, ouvindo de cada cidadão quais são suas necessidades e o que podemos fazer para ajudar a trazer novamente o Estado para os eixos, me pergunto por onde se deve começar a mudança para a construção de um Paraná melhor.
Não consigo pensar em outra coisa que não a base de tudo: a educação.
Se hoje grandes personalidades, seja na área da ciência, tecnologia, saúde ou de humanas, ocupam o topo de suas carreiras, é porque tiveram sua base lapidada por inúmeros profissionais da educação.
Esta é, sem sombra de dúvidas, a pedra de toque de uma sociedade de fato evoluída.
Infelizmente no nosso Estado não tem sido a educação tratada com a devida importância que demanda. Fato recentemente divulgado pela imprensa demonstrou a vertiginosa queda no ranking do ensino médio brasileiro, no qual o Paraná despencou, perdendo inúmeras posições.
Neste momento se percebe que, embora a propaganda noticie que o Estado é perfeito e que a educação vem conquistando melhorias, o que se verifica é que a realidade é extremamente diferente daquela retratada nas superproduções televisivas.
A queda na qualidade do ensino médio não ficou adstrita apenas ao Estado do Paraná. Fato é que não há políticas públicas sérias voltadas para a educação, tampouco comprometimento com a qualidade do ensino fornecido. As crianças e jovens estão mal cuidados e este contexto traz um reflexo negativo para toda a sociedade.
A falta de incentivo ao raciocínio e ao pensamento data de longo período na história da humanidade, ocorrendo desde o pão e circo romano até logradouro nacional nos idos da ditadura militar. Em tais oportunidades, a população era treinada para não pensar, mas tão somente absorver as informações que lhes eram passadas, pois assim não se insurgiriam contra os seus Governos.
O ensino médio é o período em que os jovens estão formando seus ideais e suas convicções políticas. Assim, a queda neste ranking revela-se como algo sintomático e que deve ser objeto de detida reflexão.
A não preocupação com a real formação do jovem, que pode acarretar um eventual bônus ao Administrador revela, na outra ponta, um ônus catastrófico para a sociedade.
Este cenário que se desenha conduz a inúmeras ilações, dentre as quais martela um raciocínio de que talvez seja proposital a não formação plena do jovem, inclusive porque muitos dos alunos do ensino médio já usufruem da condição de eleitores.
Aliás, tais devaneios! só me são possíveis, primeiro pelo ritmo frenético de campanha que enfrento nos últimos meses e, principalmente, porque tive a sorte de ter uma boa educação que desenvolveu em mim um suporte para livremente pensar e tirar minhas próprias conclusões.
Deste modo, é fundamental que a educação deixe de fazer parte apenas das promessas eleitorais e que se torne a mais séria plataforma de governo adotada, pois só uma mudança intrínseca e de base trará mudanças efetivas no cenário nacional. Esta é a única forma de se promover a diminuição da desigualdade social, transformando cada Município, Estado e o próprio País em um local mais justo e efetivamente democrático.
*Requião Filho é advogado, especialista em políticas públicas, escreve à s quintas no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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