Marcelo Araújo*
Além do hábito de (re)inventar roda e fogo, a exemplo das faixas exclusivas e dos carros elétricos, conforme já abordamos, mantém-se o hábito com relação à ideia de fiscalizar a velocidade média dos veículos, assunto debatido desde 1994 e as primeiras “lombadas eletrônicas”.
O mais interessante é que a finalidade seria para demonstrar que as pessoas diminuíssem a velocidade apenas no ponto onde o radar está instalado, retomando em seguida velocidade superior. Ou seja, a gestão do prefeito Gustavo Fruet vai plantar bananeira para demonstrar que dela nascerão bananas.
E fazer o que com as bananas? Para chegar à conclusão óbvia a Prefeitura de Curitiba instalou dois equipamentos num curto trecho, inferior a 1 km que permite desenvolver velocidades altas por não haver interferências.
O problema é que se alguém desenvolver velocidade média superior à regulamentada para a via não há o que fazer com quem faz a “malandragem”, como foram rotulados. Os motivos estão técnica e juridicamente explicados no artigo publicado na Gazetona: (clique aqui).
Analisar a velocidade média dos veículos tem sim grande importância, que é justamente identificar os gargalos que travam o trânsito e fazem com que a velocidade média num deslocamento seja extremamente baixa.
A prova disso é que as bicicletas têm sido as grandes vitoriosas nos desafios intermodais, que na prática permitem calcular a velocidade média entre dois pontos afastados.
Nossa sugestão é que fossem eleitas diversas rotas utilizadas pelos curitibanos, nos diversos horários, e ainda que sem precisão metrológica, sejam avaliado o sincronismo de semáforos, rotas alternativas, proibições e permissões de estacionamento, entre outras para que as “vias calmas” se limitem à s “vias calmas”, senão a cidade ficará tão calma que vai parar.
Não adianta argumentar que Curitiba teve o trânsito considerado um dos melhores do Brasil (clique aqui), pois nessa pesquisa foi considerado o percentual de vias congestionadas nos horários de pico em relação a todas as vias, o que colocou Fortaleza pior que São Paulo, e quem já ficou engarrafado em Fortaleza e em São Paulo sabe o que estou falando, pois é o mesmo que dizer que um quilo de algodão pesa o mesmo que um quilo de ferro, menos na hora de cair na cabeça.
De multa eu entendo!
*Marcelo Araújo é advogado, presidente da Comissão de Trânsito, Transporte e Mobilidade da OAB/PR. Escreve nas segundas-feiras para o Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.