Professor Paixão: Por que sou candidato a presidente da APP-Sindicato?

Em artigo especial para o Blog do Esmael, Professor Paixão, na véspera da marcha dos professores no Dia de luto e de luta da educação pública do Paraná; candidato à  presidência da APP-Sindicato pela Chapa 2, Paixão defende o fim da "política do cafezinho" da entidade; ... a tal propalada política do cafezinho (negociação constante com os governantes nos marcos existentes que não levam à s mudanças substantivas nas nossas condições de trabalho) precisa urgentemente ser superada!, escreve, ao apontar a necessidade de materialização da luta para que cada vez mais se diminua a distância entre o discurso da importância da educação e a realidade nas escolas; leia o texto e compartilhe.
Em artigo especial para o Blog do Esmael, Professor Paixão, na véspera da marcha dos professores no Dia de luto e de luta da educação pública do Paraná; candidato à  presidência da APP-Sindicato pela Chapa 2, Paixão defende o fim da “política do cafezinho” da entidade; … a tal propalada política do cafezinho (negociação constante com os governantes nos marcos existentes que não levam à s mudanças substantivas nas nossas condições de trabalho) precisa urgentemente ser superada!, escreve, ao apontar a necessidade de materialização da luta para que cada vez mais se diminua a distância entre o discurso da importância da educação e a realidade nas escolas; leia o texto e compartilhe.
Luiz Carlos Paixão da Rocha*

Apesar de avanços pontuais nos últimos períodos, a educação vive um dos seus piores momentos. Por um lado, um crescente e assustador quadro de adoecimento de professores e funcionários nas escolas. Por outro, percebemos o crescente desistimulo dos nossos jovens a acessarem carreiras na educação, em virtude da falta de valorização da profissão.

Faculdades tradicionais de nosso estado já começam fechar cursos de licenciaturas em virtude da diminuição da procura dos estudantes que buscam o ensino superior. Além do mais, nossas escolas estão com dificuldade de contratação de funcionários PSS para os trabalhos de limpeza, pois o trabalho como diarista tem sido mais vantajoso. Contraditoriamente a este quadro, cada vez mais cresce o discurso em nossa sociedade da importância da educação. Todos acham que é importante e necessário investir mais na educação.

Porém, entre este discurso simpático e a realidade que vivemos nas escolas há uma distância muito grande. Reverter este quadro é uma tarefa das mais urgentes. E a nossa APP tem um papel fundamental nesta luta. Tem que unir toda a categoria; tem que conclamar a sociedade; tem que costurar uma aliança muito forte porque as medidas de atração dos melhores estudantes para a profissão passam pela necessária valorização do professor e do funcionário da escola.

E não será com reposição da inflação que vamos conquistar a tão sonhada valorização. Precisaremos de medidas profundas dos governos municipais, estaduais e federal. Algumas medidas são urgentíssimas, como por exemplo, a necessidade de alteração da Lei de Responsabilidade Fiscal que hoje é um entrave para a melhoria das condições de trabalho e de salário dos professores e funcionários de escolas.

Apesar de a educação ter recursos próprios, estes muitas vezes não podem ser aplicados em aumentos salariais em virtude da referida Lei. Se esta não for alterada, os novos recursos que virão em todo país com a aprovação do Plano Nacional da educação não se materializarão em melhorias salariais para os educadores. Assim, a tal propalada política do cafezinho (negociação constante com os governantes nos marcos existentes que não levam à s mudanças substantivas nas nossas condições de trabalho) precisa urgentemente ser superada.

Economia

Nossa chapa APP Independente, democrática e de luta propõe um salto de qualidade na organização sindical dos trabalhadores em educação do Paraná.

Precisamos de uma APP forte, democrática e com condições de estabelecer um diálogo mais efetivo com o conjunto da sociedade para diminuir a distância entre o discurso da importância da educação e a realidade que vivemos na escola e na política educacional de nosso estado e de nosso mais. Para tanto, precisamos um sindicato mais plural e independente de partidos e governos.

A independência que defendemos não é em relação a projetos de sociedade, mas sim a partidos e governos. Não temos nada contra a militância partidária. Muito pelo contrário. Achamos salutar que nossos dirigentes e integrantes da categoria tenham militância em partidos. Eu, aliás, já fui candidato e tenho filiação partidária.

Entendo a importância dos trabalhadores terem representação nos espaços legislativos e executivos. Porém, temos que diferenciar o que é organização partidária e o que é a organização da categoria. O sindicato é uma frente de trabalhadores e trabalhadoras organizados com o objetivo de construir relações de trabalho e sociais mais justas.

Este é um momento de ousadia. Nossa categoria não pode simplesmente ficar lutando para o cumprimento de Leis ou por reajustes pontuais. à‰ nossa profissão que está em perigo. A partir da categoria, a APP precisa discutir a reformulação do modelo de escola que temos, que é o mesmo há mais de 50 anos. Este modelo tem deixado o conhecimento em segundo plano.

Precisamos ousar na construção de um novo modelo escolar. Precisamos discutir com seriedade as rotinas escolares, a organização do calendário e da matriz curricular.

O sindicato não pode ficar alheio à  realidade do professor no chão da escola.

Nos países que hoje ostentam os melhores índices de qualidade da educação são visíveis as políticas sólidas de valorização dos trabalhadores em educação. Nestes, o discurso da importância da educação é materializado em políticas de reconhecimento social da importancia do trabalho dos professores e funcionários. Nós também precisamos trilhar este caminho.

Por tudo isto, para garantir de fato a valorização que nossa categoria merece, nós resolvemos, após uma série de debates em todo o estado, construir uma chapa para concorrer à  direção estadual da APP, e na maioria dos núcleos sindicais da entidade.

Nossa chapa é de renovação. Dos 17 integrantes, apenas três compõem a atual direção. Os outros 14 são lideranças representativas da luta pela educação pública em todo o estado do Paraná.

Procuramos garantir na nossa chapa representação de todos os segmentos da nossa categoria: professores, funcionários, em atividade, aposentados, que atuam na educação regular, especial, educação de jovens e adultos, educação profissional, educadores concursados e PSS. A nossa estratégia central de ação é a defesa da educação pública e de valorização dos profissionais da educação.

Sabemos que para tanto, o sindicato precisa estar inserido nas lutas pela transformação da sociedade que vivemos.

Na sociedade capitalista, a política educacional é ditada pelos interesses do mercado e não da sociedade.

Neste modo de organização social, a educação se limita a garantia de ferramentas (conhecimentos) mínimas para que nossos estudantes se a insiram no mercado de trabalho.

Ao contrário, nós que defendemos a educação pública, a concebemos como uma forma de garantir autonomia intelectual aos nossos estudantes. Por isto, ela precisa ser sólida e de qualidade. Assim, a defesa que fazemos da escola pública está inserida nas lutas de questionamento e alteração deste modelo econômico atual, que é produtor de um conjunto de desigualdades.

Assim, somos combatentes de políticas de estado ou governos que tentam minimizar o caráter público da educação, e as políticas sociais destinadas à  maioria da população.

Vivemos um momento de construção de uma nova cultura política no país. O sindicato precisa estar preparado e fazer parte desta construção. Nosso sindicato precisa ser cada vez mais plural e democrático.

As pessoas não podem ter receio de divergir. Pensar diferente é um direito e não um crime. As relações precisam ser mais horizontais e menos verticais.

Temos o enorme desafio de gradativamente ir ampliando a consciencia política sindical de nossa categoria. E esta se dará no debate plural de idéias e na ação organizada da categoria em torno da nossa APP-sindicato.

Por isto apresentamos uma série de propostas para intensificar a participação da categoria no sindicato, de modernização do atendimento ao nosso sindicalizado, e de fortalecimento da nossa ação sindical a partir da escola.

Só com uma APP enraigada em cada escola poderá enfrentar os desafios que o momento traz para a nossa profissão. São estes motivos que me movem a ser presidente da APP-Sindicato junto com a equipe da Chapa 2.

Conheço bem a nossa categoria, a nossa carreira e a organização da nossa APP em todo o estado. Sei dos desafios que temos pela frente. A experiência que adiquiri nestes últimos anos me dá as condições para coordenar a inauguração de um novo ciclo de luta e conquistas em nossa entidade.

Além da militância nas principais lutas da categoria no último período tenho dedicado a estudar as políticas educacionais implantadas no país e no mundo.

Construímos um grupo muito preparado para enfrentar junto com a categoria os novos desafios da nossa profissão.
Concluo afirmando minha firme disposição de junto com cada professor e funcionário do estado do Paraná de lutar para que cada vez mais se diminua a distância entre o discurso da importância da educação e a realidade que vivemos em nossas escolas. Juntos, vamos vencer!

*Luiz Carlos Paixão da Rocha. Professor de Língua Portuguesa na rede pública Estadual do Paraná. Mestre em Educação em Políticas e Gestão em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Candidato a presidente da APP-Sindicato pela Chapa 2 !“ APP Independente, democrática e de luta.

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