Comissão da Verdade fará audiências em Londrina e Maringá

via Folha de Londrina

A partir desta terça-feira a Comissão da Verdade Tereza Urban e o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade Memória e Justiça estarão atuando no norte do Paraná em Londrina e Maringá. O período investigado é de 1948 a 1988 e serão ouvidos militantes políticos, lideranças indígenas, sindicalistas, e até um Padre Católico que foram perseguidos ou tiveram parentes e amigos perseguidos, torturados ou mortos pela ditadura militar.
A partir desta terça-feira a Comissão da Verdade Tereza Urban e o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade Memória e Justiça estarão atuando no norte do Paraná em Londrina e Maringá. O período investigado é de 1948 a 1988 e serão ouvidos militantes políticos, lideranças indígenas, sindicalistas, e até um Padre Católico que foram perseguidos ou tiveram parentes e amigos perseguidos, torturados ou mortos pela ditadura militar.

A Comissão Estadual da Verdade-PR Tereza Urban e o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, realizam a partir desta terça (5) Audiências Públicas em Maringá e Londrina, no norte do Paraná. Os eventos têm parceria com diversas instituições locais e, conforme a CEV/PR, foram agendados para investigar graves violações de direitos humanos ocorridas nas duas cidades e região, no período de 1946 a 1988, em especial, durante a vigência da Ditadura Militar brasileira instaurada a partir de 1964.

Em Londrina, a Audiência terá duração de dois dias. Na quarta (6), será das 9h à s 18h , na Câmara Municipal. Na quinta (7) será no Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual de Londrina(UEL), das 9h à s 21h.

Em Maringá, a Audiência será na terça (5), na Prefeitura Municipal, Auditório Hélio Moreira, das 9h à s 18h, tendo três focos: serão colhidos depoimentos de militantes políticos, sindicais e estudantis que viviam na região Norte do estado e que tiveram seus direitos políticos e civis cassados e/ou foram presos e torturados durante a Ditadura Militar; serão colhidos depoimentos de lideranças indígenas dos povos Kaigang e Xetá, que sofreram violações dos seus direitos, durante a Ditadura Militar e; por fim, em sessão solene e simbólica, na Câmara de Vereadores, será restituído o mandato do vereador Bonifácio Martins.

Bonifácio Martins exerceu o mandato de vereador em Maringá por duas legislaturas (1956/60 e 1960/64). Com o golpe militar de 1!º de abril/64 e a instauração do Primeiro Ato Institucional, em 9 de abril/64, Martins foi indiciado no Inquérito Policial Militar (IPM) conhecido como “Zona Norte do Paraná”, onde dezenas de militantes de esquerda, sindicalistas e estudantes foram presos e processados.

Frente ao quadro de insegurança então existente no país e sabendo que seu nome era visado, o vereador evadiu-se de Maringá em abril/64, acompanhado da esposa e de duas filhas, uma delas ainda criança de colo. Deixou para trás sua empresa de prestação de serviços, uma residência que havia construído, localizada no antigo aeroporto, e uma vida de lutas políticas e cidadãs.

Economia

Cinquenta anos depois, por iniciativa da Câmara de Vereadores e de pesquisadores de História da Universidade Estadual de Maringá (UEM), com o aval e participação da CEV/PR, haverá a restituição simbólica do mandato do Vereador. Estarão presentes na ocasião as duas filhas do Vereador, Ilvana Martins da Costa Neves e Ildene Martins Scola, que receberão a homenagem póstuma pelo pai.

Para a audiência, estão confirmados, ainda, depoimentos de Ruth Lima, militante e ex-presa política; João e Helga Preiss, irmãos de Arno Preiss, morto pela Ditadura; José Tarcísio Pires Trindade, militante e ex-preso político; Pe. Orivaldo Robles , perseguido pelo DOPS e; Jorge Haddad, militante e ex-preso político. Também prestarão depoimento os indígenas Claudemir da Silva (Xetá), Julio Cezar da Silva (Xetá) e um outro integrante da etnia Kaingang. A confirmar o depoimento de Osvaldo Alves, médico em Mandaguari, militante e ex-preso pela operação Marumbi.

As Comissões Estaduais da Verdade(CEV) são braços auxiliares da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e objetivam efetivar o direito à  memória e à  verdade histórica. Os trabalhos das Comissões Estaduais, bem como da Comissão Nacional, têm centrado foco em identificar os agentes públicos do Estado brasileiro que cometeram crimes de assassinatos, torturas e outras violações contra os direitos humanos.

Comments are closed.