Mais de 20 anos depois, STF decide que Collor de Mello não é corrupto

do Brasil 247

Ministros inocentaram o ex-presidente Fernando Collor pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e corrupção passiva nesta quinta-feira 24; argumento da relatora, ministra Cármen Lúcia, foi a falta de provas que o vinculem a um suposto esquema de recursos advindos de empresas de publicidade que prestavam serviços ao governo na época em que ele era presidente, entre 1990 e 1992; segundo ela, acusações do Ministério Público eram "frágeis"; "à‰ preciso certeza, não basta probabilidade", afirmou; único que não acompanhou a ministra integralmente foi Teori Zavascki, que concordou com a absolvição por peculato, mas entendeu que falsidade e corrupção já prescreveram.
Ministros inocentaram o ex-presidente Fernando Collor pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e corrupção passiva nesta quinta-feira 24; argumento da relatora, ministra Cármen Lúcia, foi a falta de provas que o vinculem a um suposto esquema de recursos advindos de empresas de publicidade que prestavam serviços ao governo na época em que ele era presidente, entre 1990 e 1992; segundo ela, acusações do Ministério Público eram “frágeis”; “à‰ preciso certeza, não basta probabilidade”, afirmou; único que não acompanhou a ministra integralmente foi Teori Zavascki, que concordou com a absolvição por peculato, mas entendeu que falsidade e corrupção já prescreveram.
Pela segunda vez, o ex-presidente Fernando Collor (PTB) é inocentado pelo Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça do Brasil. Em julgamento realizado na tarde desta quinta-feira (24), os ministros do STF entenderam que não há provas que vinculem Collor a um suposto esquema de recursos advindos de empresas de publicidade que prestavam serviços ao governo federal, na época em que foi presidente da República, como disse o Ministério Público.

Este segundo e último julgamento trata da parte final de um processo já apreciado em outra instância da Justiça Federal, que já absolveu, também por ausência de provas, os demais denunciados pelo Ministério Público. Agora, em relação ao ex-presidente, os ministros do STF praticamente seguiram a sentença da juíza federal Pollyana Medeiros, proferida em abril do ano passado. Em treze páginas, ela desmontou as acusações e não encontrou conexões entre as empresas contratadas e seus supostos beneficiários.

O ex-presidente já havia sido inocentado pelo STF, em julgamento ocorrido em 1994. Na época, o relator da ação penal foi o ministro Ilmar Galvão. Recentemente, Galvão relembrou aquela fase de acusações e emitiu ponto de vista sobre o processo: “O juiz não julga porque acha, pela simpatia. O que eu posso dizer é que não havia prova contra Collor. Seria um absurdo condenar alguém se não havia prova”.

Punição política

Inocentado pela Justiça brasileira, em dois julgamentos no Pleno do STF, ainda assim o ex-presidente enfrentou as consequências de uma punição política, imposta em 1992 pelo Congresso Nacional. O impeachment de Collor foi uma decisão dos deputados e senadores, que resolveram afastá-lo por oito anos da vida pública nacional. Todo o episódio também proporcionou discussões acerca da isenção jornalística na cobertura do caso.

Durante o Seminário “Poder Judiciário e Imprensa”, promovido pela Escola da Magistratura da Justiça Federal da 3!ª Região, ocorrido em São Paulo, em 2011, o jornalista global Caco Barcelos falou sobre a apuração jornalística durante o impeachment do ex-presidente. Na ocasião Barcelos lamentou o fato de, no Brasil, a regra ser a prática do jornalismo declaratório e não o investigativo. “Há uma diferença essencial”, disse ele.

Economia

Para o jornalista Caco Barcelos, que se consagrou como repórter investigativo, o jornalismo declaratório é, infelizmente, o que mais se pratica na maioria das redações brasileiras. “Collor sofreu uma punição política, mas não se provou nada contra ele. A denúncia judicial e a denúncia de imprensa devem ter sido, portanto, incompetentes”, afirmou o profissional no Seminário.

Presidente civil

Jovem, aos 41 anos, Fernando Collor tornou-se, em 1989, o primeiro presidente civil eleito pelo povo, após o regime militar instaurado em 1964, e marcou sua gestão com características de modernização e avanço na industrialização do país. Assumiu a presidência num quadro hiperinflacionário e de estagnação econômica e com produtividade industrial de 1,4% ao ano. No decorrer do governo, a produtividade subiu para 7,6% ao ano.

Até aquele histórico ano eleitoral, o Brasil só possuía cinco empresas com certificação internacional de qualidade ISO 9000. Com a abertura do mercado brasileiro ao sistema financeiro mundial e o fomento aos investidores, mesmo em pouco tempo, Collor deixou o País com 1.341 empresas com ISO 9000.

Dados compilados pela Universidade de São Paulo e constantes nos arquivos do Banco Central atestam muitos outros indicadores positivos da gestão Collor, todos decorrentes do plano de modernização da economia brasileira. Mas há também dados relevantes no campo social e que podem ser confrontados com outras gestões. Na área da saúde, por exemplo, o presidente Collor investiu 14 bilhões de dólares. Para se ter uma ideia, o governo Fernando Henrique Cardoso não passou de 13 bilhões de dólares.

A Organização Mundial da Saúde registrou no Brasil, entre 1990 e 1992, o número mais baixo de doenças em crianças. Em 1991, o governo Collor ganhou do Unicef o prêmio Criança e Paz, pelo programa nacional de imunização. Para os especialistas em saúde, investir na prevenção de doenças é melhorar a qualidade de vida das pessoas e economizar recursos públicos.

Outro setor que acelerou com a reforma foi o automotivo. Em 1989, o Brasil dispunha de quatro montadoras e 26 modelos de veículos. Com a abertura comercial, o País ganhou 40 montadoras e os consumidores passaram a ter 500 modelos como opção. Especialistas reconheceram que o governo Collor marcou a fase em que o Brasil passou a se mostrar ao mundo como parceiro confiável.

Prêmio de “Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita” e “Esso de Jornalismo”, em 1986, Luis Nassif, assim referiu-se ao presidente Fernando Collor, em texto publicado na Folha de São Paulo, quatro anos após o ex-presidente ter sofrido a punição política dos congressistas: “Julgamentos políticos não podem se restringir à  meia análise das chamadas virtudes éticas comuns – umas devem ser feitas em cima da própria ética do Estado, do compromisso de mudar realidades e construir nações. E, nisso, Collor foi imbatível”.

Com gazetaweb.com

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