Maurício Requião Filho*
Nos dias de hoje o jeito de governar vem mudando, vem mudando para pior. O executivo deixou de pensar em médio e longo prazo. Sempre de olho na reeleição, o governante pensa de forma imediatista. Este imediatismo torna o ato de governar em algo como escrever uma novela Global. Primeiro se pensa em uma trama e em seus personagens, e na sequência a trama e os personagens sofrem alterações de acordo com o que dá mais ibope, buscando garantir a reeleição. O poder deixa de ser um instrumento de mudança e passa a ser uma forma de garantismo, o poder para poder ficar no poder (repetição proposital).
A mudança no estilo de Governo tem um nome, Governo de coalisão, para atingir a famosa governabilidade.
Governos não trabalham mais com programas, passaram a trabalhar com a troca de favores. Um programa de Governo visa melhorar determinada área com base em dados estatísticos e critérios técnicos de seleção. Os dados estatísticos evitam que os programas sejam afetos à variação midiática, mudando constantemente as prioridades, e os dados técnicos de seleção evitam que as benesses sejam distribuídas apenas aos amigos do Rei.
Hoje, o Governo do Paraná não tem PROGRAMAS DE GOVERNO, não existem programas claros. O Paraná competitivo é uma incógnita, e o contrato com a AUDI está guardado à s sete chaves. Que vantagens são essas que os demais empresários não podem conhecer? Com um programa de Governo claro e aberto os incentivos fiscais seriam para todos. Um programa sério de incentivos atrairia novas empresas e beneficiaria os empresários locais, além de incentivar o seu crescimento, gerando mais empregos.
Outro exemplo de falta de PROGRAMA DE GOVERNO é do Governo Federal na saúde. A salvação da lavoura é o programa Mais Médicos, que trouxe médicos de fora para atender a população brasileira que sofre com a falta de médicos. Esta falta se dá porque não existe e nem existiu um programa de Governo sério para área da saúde.
Por exemplo, com um programa sério de educação, escolas serão erguidas, salas reformadas e o mobiliário renovado, de acordo com a real necessidade, um plano de carreira seria implementado e as brigas com os professores deixam de ser horas-aula e salários e passam a ser sobre material didático, currículo básico, e sobre cursos de aperfeiçoamento e graduação.
Quando não temos programas claros e técnicos, o Governo vira um comerciante, distribuindo aos amigos as benesses. Se você vota com o Governo, ganha um agrado, assim como um cão ganha um biscoito após obedecer a um comando. A população, enquanto isso, fica nos rincões sem receber a atenção devida. O mesmo vale para União e os Estados.
A falta de programas nos leva à cultura do uma mão lava a outra!, e esta cultura deixa o país sujo. A compra do legislativo não se faz apenas com dinheiro do mensalão, se faz com pequenos favores e com a distribuição política da capacidade de investimento do nosso Brasil. Se cobrarmos programas sérios, esse favores diminuirão, e quem precisa de Governo, quem precisa do Estado, terá na política uma ferramenta de mudança. Pelo menos é nisso que eu acredito.
*Maurício Requião Filho é advogado, especialista em políticas públicas, escreve à s quintas no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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