Manifesto pede “revisão” de concurso para professores no Paraná

Professores utilizam as redes sociais para pressionar ou pelo cancelamento ou pela revisão do concurso para 17 professores; erros conceituais, inconsistência das questões e duplicidade nos resultados embalam protestos de educadores; até agora, a dupla dinâmica" Flávio Arns e Beto Richa, do PSDB, ainda não se manifestou acerca desse colossal quiproquó; governador e vice: tenham juízo e cancelem esse concurso.
Professores utilizam as redes sociais para pressionar ou pelo cancelamento ou pela revisão do concurso para 17 professores; erros conceituais, inconsistência das questões e duplicidade nos resultados embalam protestos de educadores; até agora, a dupla dinâmica” Flávio Arns e Beto Richa, do PSDB, ainda não se manifestou acerca desse colossal quiproquó; governador e vice: tenham juízo e cancelem esse concurso.
Ganha força na internet um manifesto, assinado por professores de várias disciplinas, pedindo para que a PUCPR — e a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEDD) — revise a prova de conhecimento específico da disciplina de matemática.

Segundo o documento, que coleta assinaturas online (clique aqui para acessar), o concurso realizado no último final de semana para preencher 14 mil vagas do quadro próprio do magistério, apresentou várias inconsistências como, por exemplo, resultado dúplice, erros conceituais e falta de tempo para responder as questões.

Na prática, alguns educadores querem mesmo é “melar” esse concurso porque — segundo eles — tem cheiro de “marmelada”. O quiproquó da semana passada quase terminou em pancadaria (relembre clicando aqui).

Também houve protestos e desabafos isolados nas redes sociais, como o do professor de sociologia Alysson Cipriano Pereira. Segurando o cartaz, no Facebook, ele diz: Sou professor e estou sendo prejudicado pela prova do concurso que estava repleta de falhas!.

A seguir, leia a íntegra da Manifesto e Carta Aberta dos professores:

Manifesto e Carta Aberta em prol da revisão da prova de conhecimentos específicos da disciplina de Matemática no concurso público N!º 017/2013 para provimento do quadro próprio do Magistério no Estado do Paraná

Economia

As pessoas físicas abaixo relacionadas, que se candidataram e realizaram o Concurso Público de Provas e Títulos para provimento no cargo de Professor, na disciplina de Matemática, no estado do Paraná, e todos os demais professores que se sentem indignados com esta situação, manifestam-se aqui publicamente, e requerem ações no que se refere à  prova de conhecimentos específicos que compôs, juntamente com as questões de núcleo comum da Educação, a primeira etapa deste concurso.

Levando-se em conta que:

1) a prova específica de Matemática apresenta questões com incoerências, com mais de uma alternativa correta e com erros conceituais;

2) Que a prova específica não atende ao anexo III do edital, quando se refere ao programa da prova específica, visto que não apresenta questões referentes à s tendências em Educação Matemática;

3) Considerando a falta de espaço destinado ao rascunho para os cálculos das provas da área de exatas;

4) Levando-se em conta o tempo destinado à  resolução das vinte questões da prova específica, insuficiente para que todas fossem resolvidas no intervalo de quatro horas, haja vista que a prova específica constitui apenas um dos núcleos de questões;

5) Considerando a pequena quantidade de candidatos classificados na primeira etapa do referido concurso, reivindicamos à  PUC- PR e SEED, neste manifesto e carta aberta, reavaliação e reconsideração dos critérios de classificação da primeira etapa desta prova.

Considerando o subitem 8.1.4 (Somente serão corrigidas as redações (Fase 2) dos candidatos que obtiverem número de acertos igual ou superior a 24 (vinte e quatro) acertos do total de questões na Prova de Conhecimentos. Além disso, o candidato deverá obter, no mínimo, 12 (doze) acertos na área de Conhecimentos Específicos, no mínimo 4 (quatro) acertos na área de Fundamentos da Educação e 3 (três) acertos em Conhecimento Comum. Serão automaticamente excluídos do Concurso Público os candidatos que não atingirem o número de acertos mínimos previsto neste subitem) do edital 017/2013, somente os candidatos que obtiveram número de acertos igual ou superior a 12 questões na prova de conhecimentos específicos, teriam suas provas corrigidas, independentemente do número de acertos total ser igual ou superior a 24 questões.

Por outro lado, na prova de conhecimentos específicos de Matemática, encontramos uma série de incoerências, como as citadas em linhas anteriores, que levaram ao baixo índice de acertos dos candidatos na prova.

O primeiro ponto que destacamos se refere à s questões com mais de uma alternativa correta e com erros conceituais. A questão 10 (ver Figura 1 anexa), da prova de número 131, desta prova específica, admite duas alternativas corretas, já que a letra c), também apresenta a raiz da equação, e o enunciado não explicita que a alternativa correta deve conter todas as raízes distintas da equação, inclusive deixa subentendido que poderia ser uma solução apenas, já que o plural está entre parênteses.

Já as questões 14, 15 e 20 da mesma prova, apresentam aos candidatos, alternativas com números decimais notados com ponto!, ao invés de vírgula!, como utilizamos no Brasil.

Nos Estados Unidos, os números decimais são assim representados, no Brasil não é comum utilizarmos esta notação, basta observar nossos livros didáticos e documentos curriculares. Sendo assim, as alternativas de ambas as questões, pareciam estar representando o produto de dois números inteiros. De acordo com a professora doutora Vera Clotilde Garcia a vírgula é utilizada ( no Brasil) como um separador decimal (em alguns outros países, utiliza-se um ponto) que indica o começo da parte menor do que a unidade!.

As quatro questões deveriam ser anuladas, pelos erros e incompreensões que admitem.

Ademais, a prova de conhecimentos específicos não contemplou nenhuma questão que se referia à s Tendências em Educação Matemática, exigidas inclusive na etapa da prova didática. Ou seja, Modelagem Matemática, Resolução de Problemas, Etnomatemática … não foram tópicos avaliados na prova, embora exigidos no edital do concurso, explícitas nas Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Básica, e de dimensão extremamente importante, a nosso ver, na classificação de professores que atuarão na Educação Básica do estado pelos próximos trinta anos, aproximadamente! Sem entrar no mérito da discussão sobre a concepção de Educação Matemática que se esconde por detrás da prova específica de Matemática aplicada, deixamos claro o nosso total descontentamento com o critério de classificação nesta etapa, que desmerece os educadores matemáticos no sentido da sua prática pedagógica. Apenas a dimensão do conteúdo foi avaliada. Não concordamos com este critério e, embora ele não seja levado em conta, queremos deixar isso muito bem claro. Lutamos por uma Educação Matemática de qualidade nas escolas PÚBLICAS do Paraná.

Outro aspecto que merece ser destacado é a falta de espaço na prova, que poderia ser usado para rascunho das questões! Muitos candidatos gastaram o pouco tempo que dispunham, apagando seus cálculos, feitos nas bordas das páginas da prova, para ganhar espaço de rascunho. Resultado? Ganho de espaço, perda de tempo!

Tempo esse que não foi suficiente para que todas as questões da prova específica pudessem ser resolvidas pela maioria dos candidatos. Analisemos: 240 minutos para resolução de 40 questões, mais a elaboração da redação e o preenchimento do gabarito. Se descontados no mínimo 30 minutos para a redação; e mais 12 minutos no preenchimento do gabarito; sobrariam 4min e 57seg para cada questão, a maioria das questões com respostas muitos parecidas você levaria mais que esse tempo só para interpretar a questão. Em Matemática não se conseguia resolver nenhum dos exercícios em menos de 5 minutos.

Incompetência nossa? Não! Falta de tempo nossa, e de bom senso dos elaboradores da prova que se preocuparam mais em dispor de questões que priorizaram os cálculos em detrimento do raciocínio e os conceitos matemáticos, que deveriam ser utilizados! Os conceitos foram utilizados nas questões que tivemos tempo de resolver; no entanto, gastamos nosso precioso tempo, fazendo contas enormes, em praticamente todas as questões.

Por fim, deixamos aqui registrado que não nos sentimos incompetentes diante dessa primeira etapa, levando em conta que, das questões que conseguimos resolver, tivemos sim 60% de acertos, como o edital exige, entretanto com questões com enunciados daquela extensão, tivemos tempo de resolver 60% da prova toda. O resto? O resto foi sorte, ou azar! E aí nos questionamos: classificar professores na sorte!? Não precisaríamos de um concurso público.

Não desmerecemos em momento algum nossos colegas professores que por mérito deles, se classificaram nesta primeira etapa! Muito merecido. Esperamos que passem com êxito pelas próximas etapas do concurso e desenvolvam um bom trabalho junto a nossos alunos. Parabéns!

No entanto diante de todas as justificativas aqui apresentadas por nós, viemos reivindicar um novo critério de classificação nesta primeira etapa do concurso, no que se refere à  prova de conhecimentos específicos de Matemática.
Solicitamos que a comissão avaliadora da primeira etapa do concurso se utilize apenas de um dos critérios apresentados no edital 017/2013, ou o retifique, reduzindo a quantidade mínima de acertos na prova específica de Matemática, ou ainda, aplique uma nova prova, aos candidatos.

Considerando que a prova de Matemática não foi resolvida por completo, pelos candidatos, requeremos que sejam considerados 60% de acertos, em relação à s questões que foram resolvidas pelos candidatos, isso dá em média, 9 acertos em questões específicas e não 12, como o edital exige; ou ainda, sugerimos que sejam considerados 24 acertos no total da prova, incluindo as questões de núcleo comum, sem a exigência de 12 específicas de Matemática. Tais alterações apenas levariam mais candidatos à s próximas etapas do concurso.

Esperamos ainda, que as próximas etapas não sigam o padrão do edital publicado com várias retificações e, da primeira etapa, com tantas incoerências e desentendimentos.

Assinam a carta aberta, os candidatos e todos aqueles professores que estão igualmente indignados com esta situação lamentável:
*Obrigatório

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