“5 centavos”. Esse é o título de um explosivo artigo de opinião do deputado estadual Luiz Carlos Martins (PSD) sobre o valor da tarifa de ônibus em Curitiba. O parlamentar, que é radialista popular na Rádio Banda B, da qual é proprietário, afirma que o preço de R$ 2,85 não tem “cheiro do povo”.
Martins adianta que levará um pedido de redução para R$ 2,80 à prefeita interina Mirian Gonçalves (PT) na semana que vem. A este blogueiro, a petista adiantou (assista ao vídeo) que dará continuidade à gestão de Gustavo Fruet (PDT).
Em 2004, o então vice-prefeito da capital Beto Richa (PSDB) aproveitou-se da interinidade, devido uma viagem internacional do prefeito Cássio Taniguchi (DEM), para revogar aumento na tarifa do ônibus. A redução garantiu a eleição do tucano naquela disputa que tinha 12 candidatos.
“Não quero comparar a Mirian com o Beto, até porque um é tucano e outro petista, mas a minha proposta de redução é para facilitar a vida dos cobradores e dos usuários do transporte coletivo. Não existem moedinhas de cinco centavos na praça”, afirmou Luiz Carlos Martins, que levará o pedido à prefeita interina entre terça e quarta-feira.
A passagem de ônibus custava R$ 2,60, mas em março passado Fruet autorizou reajuste de 9,6% e a domingueira sofreu aumento de 50%.
A seguir, publico a íntegra do artigo do deputado:
5 centavos
por Luiz Carlos Martins*
O trabalhador não precisava passar por mais essa. Nem quem anda de ônibus e muito menos quem ganha a vida como cobrador. Só mesmo quem não sabe o que é embarcar todos os dias em um ônibus poderia tomar a decisão de fixar o preço da tarifa em Curitiba e Região Metropolitana em R$ 2,85. à‰ a típica decisão tomada dentro de gabinetes, sem o cheiro do povo!.
A reclamação é geral. O trabalhador dá R$ 3,00 e fica esperando o troco que, muitas vezes, não vem. As moedinhas de R$ 0,05, que já estavam desaparecidas, agora praticamente sumiram. Desprezadas nos fundos de uma gaveta, quase não circulam mais e, ainda assim, algum burocrata foi lá e fixou a passagem em R$ 2,85.
Decisões como a fixação do valor da tarifa não podem ser tomadas sem conversas com o povo, sem base na vida real. E antes que algum tecnocrata levante a mão para dizer que a maioria paga a passagem com o cartão-transporte, de novo, a realidade é outra. Dados da Urbs mostram que, em média, 50% das passagens da Rede Integrada de Transporte (RIT) são pagas com o cartão. Será que alguém tem coragem de desprezar cerca de 1,150 milhões de passageiros por dia? Como fica essa gente que, muitas vezes, volta para casa com dinheiro a menos no troco por causa da falta de moedas de R$ 0,05 em circulação? Como fica o estresse diário do cobrador que ouve insultos por algo que não tem culpa?
Planilhas de custos são importantes, mas nunca devem prevalecer sobre a vida real do trabalhador. Que a Urbs resolva isso sem criar mais uma forma de penalizar o trabalhador.
*Luiz Carlos Martins é radialista e apresentador do programa que leva seu nome na Rádio Banda B, em Curitiba. à‰ também deputado estadual pelo PSD.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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