Não é nada amistosa a convivência da comunidade negra curitibana com a Associação Comercial do Paraná (ACP). O quiproquó começou com um anúncio pago da centenária entidade contra o feriado municipal da Consciência Negra, no dia 20 de novembro, aprovado pela Câmara de Vereadores.
Na publicidade veiculada no jornal Gazeta do Povo, a ACP avisa que tomará medidas cabíveis [contra a Câmara de Vereadores e a Prefeitura] visando reverter a lei que homenageia os negros e as negras curitibanos (leia sobre isso clicando aqui). A ofensiva contra a lembrança da morte do líder negro Zumbi dos Palmares pegou muito mal.
Por que a ACP também não entra na Justiça contra o feriado de Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças?
Segundo dados do IBGE, 24% da população de Curitiba é afrodescendente, portanto, um contingente importante incorporado à sociedade do consumo.
Tentando recuperar o leite derramado, o presidente da ACP, Edson José Ramon, recebeu ontem (16) o vereador Mestre Pop, do PSC, e o presidente do COMPER (Conselho Municipal de Políticas à‰tnicos-Raciais) Saul Dorval da Silva.
Faltou a centenária Associação pedir desculpas aos negros e negras. Se a organização tivesse investido contra os feriados católicos, os papas-hóstias já teriam recebido um pedido formal de desculpas da entidade empresarial. Preto, pobre, pode esperar mais pelo reconhecimento !“ e talvez jamais por uma reconsideração.
O vereador Mestre Pop, que é negro, avisa que, caso a Associação Comercial do Paraná ingresse na Justiça contra o feriado em questão, não medirá esforços e tomará todas as medidas cabíveis para a sua manutenção.
à‰ bom lembrar que não é a primeira vez que a ACP se mete numa lambança sem tamanho. Em junho de 2012, a centenária organização lançou um confuso manifesto onde fez alerta à sociedade brasileira! e mostrou-se preocupada com o momento político e as crescentes ameaças ao Estado de Direito e à s instituições democráticas! (relembre clicando aqui). Coisa de louco.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.